Bob Fernandes pelo Facebook –
Sábado, na China, Temer disse que protestos contra ele país afora eram “inexpressivos”. Com “40, 50, 100 pessoas”, que “quebram carro”.
Domingo, 4, da Paulista ao Largo da Batata, 100 mil pessoas protestaram. Com Coros de “Fora, Temer” “golpista”…
Sem transmissão ao vivo, sem helicópteros desde cedo, sem catraca livre e pesquisas sobre o número de presentes.
Manifestação absolutamente pacífica. Até o final quando, de maneira bárbara, desproporcional, a PM atacou.
Quem estava nas imediações do metrô -e eu estava- assistiu: com a desculpa de deter quem pulava catracas lá dentro do metrô, balas de borracha, jatos d´água…E bombas, inclusive em ônibus.
E isso do lado de fora.
Antes do protesto, 26 detenções, 8 delas de menores. Até à noite, por mais de 6 horas, todos sem acesso a advogados.
Black blocks, ausentes até o final, são justificativa para a repressão. Desde protestos contra o governo Dilma, em 2013, black blocs sumiram das manchetes.
Estavam de férias? Retornam só agora, em meio à nova oposição?
Dez fotógrafos e repórteres agredidos pelas PMs nos últimos dias, em São Paulo e pelo país.
Desde junho de 2013, no Brasil todo, 291 jornalistas atingidos em manifestações, informa a ABRAJI.
Domingo o atingido pela PM, e chamado de “Lixo”, foi um repórter da BBC.
El País, agência Reuters, BBC… a mídia estrangeira está relatando essa violência.
Em Março, Aécio e Alckmin foram hostilizados na Paulista. Então secretário de segurança o hoje ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, foi escorraçado dessa mesma Avenida.
Expulso pelos que pregavam a derrubada de Dilma… Então sem nenhuma reação da PM.
No domingo, dois coros entre os entoados durante a passeata: “Chega de chacina, quero o fim da PM assassina” e “Não vai ter selfie”.
O troco veio no final.
Agiram, agem desta forma diante de milhares de celulares, e Mídias do Brasil e do mundo. Imagine-se o que não fazem nas periferias…
…Os que têm visibilidade e voz estão sentindo na pele o que nas quebradas vivem (tantas vezes morrem) os seres tidos como “invisíveis”.
Quarenta e oito horas depois da posse, o governo Temer interveio na Comissão de Anistia. Trocou 20 dos 25 integrantes.
Entre os novos membros, um acusado de ter colaborado com a ditadura. Por que esse ato e essa urgência?
Que tudo isso não seja configuração acelerada de um novo “Sistema”.
Foto da capa de Lucas Martins • Jornalistas Livres