Nem divino, muito menos maravilhoso

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Lídia Pena pelo Facebook – 

No rosto pálido e desanimado da moça tendo sua bolsa revistada por um policial na Cidade de Deus, mais um retrato da mesma violência que assola desde sempre as comunidades pobres da nossa periferia. Mais um dia de guerra entre traficantes e UPPs, e de chacina com sete jovens assassinados entre tiros e facadas. Dessa vez também quatro policiais mortos na queda de um helicóptero, cuja causa até agora é desconhecida. Mas, pelo sim, pelo não, a corda já estourou no lado mais fraco, como de praxe. 
Num momento em que os homens no comando do país são os mais bandidos que já houve na História, e no Rio de Janeiro, abandonado por Deus, há ladrões dos mais variados tipos a passear pelo governo do Estado, como um paspalho Garotinho e um esperto Cabral, fica mais revoltante assistir ao rigor com que são julgados os moradores de favelas, muitos sem um terço das oportunidades na vida que aquinhoaram os “nobres” governantes.Para tornar ainda mais odiosos os critérios que regem as leis de segurança, desprezando a ética, um dos homens de confiança do presidente da República acaba de ser flagrado num crime indecente de assédio a um ministro com vistas ao seu exclusivo benefício. Ele queria tão somente que se desmoralizasse um parecer do IPHAN para safar um apartamento de sua propriedade.




O companheiro assediado, num surto espantoso de dignidade, para quem aceitara, sem reservas, inicialmente fazer parte de um governo corrupto e usurpador, pediu demissão do cargo. Já o graduado infrator foi mantido na Secretaria do Governo por decisão tomada rapidamente pelo amigo-presidente, mesmo diante da imensa e desgastante repercussão do caso.

Está tudo inteira e assustadoramente fora da ordem em terras brasileiras. E está difícil manter a saúde diante das notícias e desgraças que se sucedem diariamente. Entre o cruel e o repugnante os fatos desfilam diante de nossos olhos incrédulos e cansados. As perspectivas são as piores e o país mergulha num mar tenebroso de retrocesso e instabilidade econômica.

Diante do quadro, o significativo refrão de Caetano Veloso é incrivelmente atual: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”. Só que, no momento, nada é divino ou maravilhoso. Tudo é (simplesmente muito) perigoso.

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