Por Arcírio Gouvêa Neto, jornalista
Hoje (13/05) é o aniversário de nascimento do escritor Lima Barreto, um de nossos maiores cronistas do Rio e dos costumes da sociedade nas primeiras décadas do século 20.
Com seu talento genial, ele denunciou em sua obra a diferença gritante da sociedade de seu tempo e a desigualdade social. Ferino crítico de um sistema injusto, racista e falso moralista, Lima Barreto afogava seu desapontamento de um mundo que não poderia mudar no álcool e acabou sendo destruído por ele.
Morreu com apenas 41 anos, em 10 de novembro de 1922, no Rio de Janeiro. Sua relação com esse mundo de sofrimento começou muito cedo. No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel ia assinar em praça pública a Lei Áurea.
Entre as pessoas que comemoravam a abolição estava o menino mulato, Lima Barreto, que aniversariava naquele dia. Guiado pela mão do pai, via uma multidão de escravos que aguardavam a liberdade.
Muitos anos mais tarde, essas recordações marcaram sua obra. Eis um trecho de seu livro “Cemitério dos Vivos”. “Havia-me preparado para todas as eventualidades da vida. Imaginei-me amarrado para ser fuzilado, esforçando-me para não tremer nem chorar; imaginei-me assaltado por facínoras e ter coragem para enfrentá-los; supus-me reduzido à maior miséria e a mendigar; mas por aquele transe eu jamais pensei ter de passar.
Como é difícil controlar o amor.”Sobre ele escreveu o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, imortal da Academia Brasileira de Letras. “Lima Barreto é o natural precursor de Noel Rosa. A diferença entre os dois é a mesma existente entre a poesia e a prosa. O genial mulato anunciou o poeta de Vila Isabel.
Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Lima Barreto e Noel Rosa são expressões autônomas de uma visão de mundo própria do carioca”.