Assistimos à horda de homens brancos, velhos e ricos que ditam as regras contra a população impotente, iludida e conivente.
Sim. A população brasileira está dividida: impotência, ilusão e conivência. Encontre-se em um desses grupos. Encontre-se em sua consciência.
E não há lugar para correr, não há quem nos socorra. Onze pessoas ocupam a Suprema Corte do nosso País, agindo em prol de seus velhos interesses classistas. O Ministério Público não é público mais, protagonizando, espetacularizando o acinte ao bom senso e a destruição da República.
Milhares de estudantes ocupam as escolas. E assim se afiguram como Davi e Golias, quando o gigante resolveu despertar, oportunista, vingativo, revanchista.
São ilegítimos, são usurpadores esfarelando o que jaz do Estado Democrático.
Choram Marias, Clarices, Marianas, Tatis, Amarildos, Josés. E não resta a quem perguntar “E agora?”.
Invade-nos, como a lama podre do capital que inunda, destrói e mata, um mar de desesperança, que nos frustra e abate. Avançam o retrocesso, a canalhice, a intolerância.
O escárnio, a trapaça, o jogo sujo, os mesmos conchavos, propinas e jetons cantados por Herbert Vianna sobre os 300 picaretas com chapéu de doutor, sobre os quais “Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou”.
A desesperança é leito violento que desemboca em turva foz. Deprime, desencanta, mata aquela que é a última a morrer. A desesperança é o ponto alto das crises, sejam elas de qualquer origem.
Quem já viveu a depressão como doença sabe que o seu ápice é a desesperança. É aquele ponto em você se entrega ou busca as forças escondidas e resiste, e luta, e vence.
Não estou falando da vitória como um fato consumado, como um sete a um. Estou falando da vitória que é não desistir.
Convido-os a seguir o segundo caminho. Armar-se de conhecimento e força. O futuro nos apresenta de forma nebulosa, mas é preciso resistir e construir. Cada um à sua maneira, com aquilo que pode, com aquilo que suporta.
Mas, a entrega, a desistência são finais tristes demais para quem sonha.
Eduardo Galeano nos falou que a utopia é como a linha do horizonte, quando se aproxima, ela se afasta, mas não podemos deixar de segui-la.
Encare a sua desesperança. Enfrente-a com seus sonhos, desejos, com a sua esperança.
Sejamos resilientes!
Bárbara Natália Lages Lobo é professora de Direito na PUC Minas, doutoranda em Direito Constitucional e escritora, autora do livro “O Direito à Igualdade na Constituição Brasileira”