28 de abril: foi bom. Precisa mais

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, especial para o Bem Blogado – 

Apesar do notável e esperado esforço da Globo e seus satélites, a greve geral foi um marco na história de combate ao governo golpista. Não deu para escondê-la mais, como ocorreu na já também antológica edição do JN no dia anterior ao movimento. Muitos milhões de brasileiros viram em seu cotidiano o que os manipuladores queriam guardar como segredo.




Tá tudo muito bom, então? Não, não está. Como prova, a desfaçatez de um governo corrupto, aprovado por apenas 9% da população, de insistir no sim parlamentar à tal reforma previdenciária, aliás reprovada por 71% dos brasileiros, mesmo com o bombardeio de ameaças veiculado pela mídia a soldo de seus interesses.

O que mantém a insistência da cleptocracia já sabemos. O fim da seguridade social é o prêmio maior que a elite econômica cobra de Temer. Sem ela, o homem voltará a ser descartável. É jogo aberto. O mercado e seus porta-vozes na imprensa simulam tapar o nariz para a quadrilha de corruptos do PMDB se sair a tal reforma da Previdência.

É na discussão sobre aposentadoria que se explicita o caráter antagônico de classes, a velha luta. Mais até do que na medieval “reforma” trabalhista, que ceifa direitos que garantiam de forma mínima algum equilíbrio entre capital e trabalho. Na verdade, estamos vivenciando um tsunami de ideias medievais. Não é por acaso que Bolsonaro penetra tão significativamente no eleitorado de renda mais alta.

Nesse cenário de tragédia, o que resta para as forças progressistas? De um lado, a luta parlamentar. Necessária mas não decisiva. Apesar do esforço de deputados de partidos progressistas, sabemos que serão derrotados naquela trincheira se não houver respaldo de rua. Deputados do campo de esquerda estão cumprindo seu papel. Mas é limitado o alcance de sua batalha.

A rua é a única saída para tentar barrar as reformas defendidas e indispensáveis para um governo cada vez mais impopular como o de Temer. O risco que correm todos no campo popular e democrático é achar que essa batalha pode ser travada apenas no Congresso. Sem rua, não rola.

De outro lado, é um equívoco acreditar que o potencial de luta esteja esgotado ou mesmo que já exista acúmulo suficiente depois da expressividade da greve geral. No Brasil, a verdade da rua dura menos. É preciso mais e mais atos em defesa da seguridade social. E aí entra o contrabando ideológico na disputa.

É obviamente correta a atuação conjunta com qualquer central sindical que se manifeste contra a reforma previdenciária. Mas é preciso cautela sempre ao lidar com gente que, sabemos, só se utiliza da classe trabalhadora para vender mais caro a traição.

Em algum momento, com a mesma certeza que o sol anuncia o dia, a Força Sindical e alguma outra central vai fazer um acordo com Temer e abandonar a trincheira pontualmente corretas. Alguém com 5 neurônios duvida? O impagável (?) Paulinho da Força está aí, com sua imensa capivara de punhais cravados na luta popular. É preciso deixar claro, claríssimo, o que não aceitamos na tal reforma. O que não negociamos. Nada de um ano a mais ou a menos, por exemplo. Que nada se faça antes que se tribute dividendos, entre outras prioridades que estão passando batidas enquanto se impõe um ajuste no lombo magro da maioria. Antes de se falar da questão etária que preocupa, façamos políticas sociais contra a iniquidade.

Não é fácil tudo que vem por aí. É preciso, porém, reafirmar sempre que a luta pela manutenção de direitos sociais já mínimos antecede o debate sobre a eleição de 2018. O dragão que bate à porta dos pobres hoje é o assalto planejado contra a aposentadoria. Teremos tempo, não muito, é verdade, ´para depois nos debruçarmos sobre o que fazer em 2018. Ou até antes, já que uma derrota governista na Previdência tornará insustentável, até para o olhar de seus patrocinadores, o já de nascimento podre governo Temer.

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