386 pessoas na fila por um coração no Brasil

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 Se tudo corresse bem, se todos os pacientes que esperam na fila  do transplante cardíaco no Brasil conseguissem um órgão  compatível, levaria mais de um ano para todos os 386 pacientes serem contemplados (números do dia 21/8/2023). 

Por Adriana do Amaral. compartilhado de seu Blog




 Sabemos, porém, que esse prazo não é linear. São muitas as  variantes que extrapolam  os critérios médicos, técnicos e da  posição na lista única do SUS – Sistema Único de Saúde.

 Muitos sucumbem nessa longa espera.

 Pensando no drama vivido pelo apresentador de televisão,  #FaustoSilva, impossível não ficar sensibilizada. 

 A vida de #Faustão depende da morte de alguém…  

 E da  generosidade de uma família enlutada.

 O que, talvez, poucos saibam é que o transplante não um  tratamento definitivo, mas é uma possibilidade terapêutica.

 Mesmo conseguindo o órgão compatível, em tempo hábil, nada garante que o paciente transplantado resistirá, e por quanto tempo sobreviverá,

Em alguns casos, se tudo der certo, poderá voltar novamente para fila, depois de anos, para um novo procedimento…

Nos demais, todo mundo sabe, o coração tem moradia certa, fica bem perto do peito,

mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração

Vladimir Maiakóbski

Durante uma década, nos anos 1990, trabalhei com jornalismo voltado à medicina. Muitas vezes, entrevistei médicos, pacientes e familiares a respeito. Matérias positivas, com casos bem sucedidos. Não apenas sobre transplante cardíaco, mas de órgãos em geral, e até osso. Inclusive, transplante entre pessoas vivas como rins, fígado, medula óssea. 

Na empresa onde trabalhei, anos mais tarde, um pai contou-me a saga do filho, que buscava um doador de medula.  Engajei-me na difusão de informação sobre doação de órgãos, quando aprendi ainda mais. Até me cadastrei no Banco de Medulas e formalizei ser doadora de órgãos.

Escrever sobre transplante cardíaco toca o meu coração

Acompanhei de perto a luta de dois jovens pela vida: Gabriela e Gabriel (não evitar exposição aqui, me atendo aos fatos).  Ele sobreviveu ao transplante, ela não. 

É só fechar os olhos que me lembro da Gabi: linda, subindo o elevador do #Incor, da #FMUSP, rumo à cirurgia tão esperada… Antes disso, a dor da espera, a angústia da espera, as incertezas da espera.  Não só dela, mas de todos os que a conheciam, conviviam,  amavam!

Foram anos de espera até aquela bolsa térmica branca chegar… Estávamos esperando, no hospital. Ela tinha sido avisada e chegou pela manhã. Nós, os amigos e familiares, não arredamos o pé até sermos tranquilizados de que a cirurgia tinha sido um sucesso!

Na manhã do dia seguinte, a notícia que não queríamos ouvir. Não podíamos acreditar: a rejeição. Mas, como assim? O transplante não tinha dado certo? Não era garantido? Não.

E todos aqueles pacientes transplantados cardíacos que jogavam futebol nos torneios anuais do #InstitutoDantePazzanesi? E as crianças e adolescentes atendidas pela #ACTC – A Casa do Coração?, localizada pertinho da minha casa, em São Paulo? 

Lembro-me de ter sido abraçada pela jornalista Rita, assessora de imprensa do Incor (quem estava ali, chorando, não era a jornalista… era a amiga da mãe da paciente). Ela confortou-me dizendo algo mais ou menos assim: o transplante era caminho, não a chegada. 

Celebramos a vida do Gabriel, mas demorou muito para digerirmos a partida da Gabi. Assim, afastei-me um pouco do debate sobre os transplantes, sem nunca deixar de acreditar neles. 

Gabriel hoje é um jovem adulto. Aos doadores e suas famílias, ainda agradeço. Gabi é luz.

Ao Faustão e sua família eu desejo saúde, esperança… 

Rememorando o que repetia, anos atrás: o pulso ainda pulsa. 

Celebro as famílias que doam os órgãos dos seus nos momentos de dor, que praticam a solidariedade ao limite do amar…

A todes os que lerem este artigo, uma reflexão:

Doar órgãos é reciclar vidas!

Seja um doador de órgãos.

Avisem os seus familiares dessa decisão.

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