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Presidente e seus filhos lideram ranking de atos hostis contra jornalistas da ONG Repórteres sem Fronteiras. Ataques foram promovidos principalmente nas redes sociais.
A organização não governamental Repórteres sem Fronteiras contabilizou 580 ataques à imprensa brasileira promovidos por pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro em 2020.
No topo da lista da ONG dos que mais atacaram e ofenderam jornalistas e empresas de comunicação está a própria família do presidente.
O primeiro da lista é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com 208 ataques a jornalistas. Em seguida vêm o presidente da República, com 103 ataques, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 89, e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 69.
A seguir aparecem outras pessoas do entorno do presidente, como os ministros Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) e o vice-presidente Hamilton Mourão.
O principal meio para a difusão dos ataques são as redes sociais. Pelo Twitter foram 409 ataques à imprensa, outros dez pelo Facebook e 17 durante transmissões ao vivo (lives).
Mas também aparições públicas ou entrevistas foram usadas para desferir ataques a jornalistas ou empresas. A RSF dá como exemplo as entrevistas coletivas informais do presidente em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, que fizeram da residência oficial um “palco de humilhações públicas de jornalistas”.
“Foi lá que, no dia 3 de março, Jair Bolsonaro saiu de seu veículo oficial acompanhado por um humorista disfarçado de presidente, a quem pediu para distribuir bananas aos jornalistas presentes. Essa cena surreal foi transmitida ao vivo nas redes sociais da Presidência”, recorda o relatório.
A ONG ainda denuncia processos abusivos contra a imprensa, que chamou de esporte nacional. Entre os processados ou ameaçados de processo estão os jornalistas Luís Nassif, Patrícia Faermann, Hélio Schwartsman, Ruy Castro, Ricardo Noblat e o cartunista Aroeira, e também veículos da imprensa, como Folha de S. Paulo, Ponte Jornalismo, The Intercept, TV Globo e UOL.
Destaque especial no relatório recebem ainda os ataques de cunho misógino. São mencionadas as jornalistas Patrícia Campos Mello, Bianca Santana, Vera Magalhães, Constança Resende, Lola Aronovitch e Maria Júlia (Maju) Coutinho como vítimas dessas ofensas.
O relatório ainda denuncia favoritismo na distribuição de verbas públicas a canais de televisão próximos da linha oficial da Presidência da República, em especial SBT e Record.
“Até o momento, nada indica que o ‘sistema Bolsonaro’ vá interromper sua lógica de ataques e sua operação orquestrada para desacreditar a mídia. O desafio para a imprensa brasileira é imenso. O caminho para enfrentá-lo aponta na direção da coragem e da resiliência”, afirma a ONG.
O Brasil ocupa a 107ª colocação no ranking mundial da liberdade de imprensa de 2020 da RSF.