Caso da suspeição de Moro: Não dá para confiar na Justiça

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, Bem Blogado

 

Pelo longo histórico de perseguições e omissões no caso específico, porém, é mais prudente não ver um cenário positivo desenhado dali. Não é pessimismo, é realidade. (…) Lula seria, pelas pesquisas da ocasião, o óbvio vencedor da eleição de 2018. Em Português claro, roubaram-lhe o triunfo e abriu-se o caminho para um governo genocida como o atual. 




 

Muita gente valorosa na esquerda anda, em graus diferentes, alimentando a esperança sobre possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) apontando suspeição de Sérgio Moro enquanto juiz dos casos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na armação chamada operação Lava Jato.

Caso a hipótese fosse confirmada, os processos voltariam à primeira instância e Lula estaria apto, recuperados seus direitos políticos, a concorrer à Presidência nas eleições de 2022. Pelo longo histórico de perseguições e omissões no caso específico, porém, é mais prudente não ver um cenário positivo desenhado dali. Não é pessimismo, é realidade.

Se ainda fosse preciso, a cada dia brotam mais provas da parcialidade de Moro no caso de Lula. Se já no início estava autorizado o uso do popular “tá na cara” para classificar a perseguição do bando fascista vestido de Justiça, a Vaza Jato desmascarou por completo a urdidura cara de pau, em que um juiz orienta e ordena os procedimentos do Ministério Público na tarefa de fabricar uma condenação política.

Agora, depois de muito tempo, a defesa do ex-presidente teve acesso a mais arquivos de conversas entre o bando que combinou a condenação. O pouco que já foi publicado reforça a evidência: trata-se de um escândalo de fazer corar qualquer um que fala em “Justiça” no País.

Os meliantes constitucionais todos, dos jecas e moleques (em todos os sentidos) do MP paranaense até a conduta bandida de Moro, do TRF 4 e das instâncias superiores (STJ e STF) referendaram o crime.

Qual a razão, então, para confiar numa reviravolta no STF se as provas sempre, utilizando uma palavra em desuso, abundaram na direção de uma armação política-jurídica?

Desculpem os otimistas, mas não há motivo algum para prever um mea culpa do mesmo tribunal que deu aval à barbaridade.

Alguém se esquece que nossa Suprema Corte é dirigida por Fux, o homem da peruca que diariamente há anos expõe o conceito de Justiça ao ridículo?

Alguém com alguma memória pode achar que o caminho que apagaria o efeito legal da perseguição a Lula depende de Gilmar Mendes, o grande artífice do início da presepada? A resposta sensata só permite o não.

Lula seria, pelas pesquisas da ocasião, o óbvio vencedor da eleição de 2018. Em Português claro, roubaram-lhe o triunfo e abriu-se o caminho para um governo genocida como o atual.

Se nenhuma reparação pode devolver-lhe o triunfo que foi garfado na mão grande, é necessário também, em termos de perspectivas para o conjunto das esquerdas, que a situação política é diferente daquele infeliz 2018.

A maioria dos brasileiros parece ser contra Bolsonaro, mas agora ele tem a caneta na mão e, do seu jeito genocida, empolga uma parcela relevante dos eleitores, gostemos ou não.

O próprio Lula é uma incógnita hoje. Depois de todo sofrimento e humilhações que tentaram lhe armar, estaria, aos 75 anos, disposto a enfrentar mais uma campanha em que teria extrema direita, direita tradicional, elite e mídia hegemônica contra e disposta a tudo para não permitir seu retorno ao Palácio do Planalto?

A história de vida do líder petista é uma sequência de atos de coragem, mas ninguém pode ter a certeza do sim do homem a uma nova empreitada eleitoral.

Noves fora, o cenário que se apresenta hoje recomenda mais prudência sobre o STF dar meia volta na armação que, repita-se ao infinito, teve sua participação e aval.

Se a correlação política forçá-lo a reconhecer o equívoco monumental e irreparável, melhor para Lula, as forças populares e o Brasil, sem a menor dúvida. Mas a patifaria da Lava Jato é marcada por tantas armações que seria mais um erro, de nosso campo agora, se acreditasse no súbito senso de justiça de um tribunal de atores menores e que foi responsável em última instância pelo caos genocida que se abate sobre os brasileiros.

 

 

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