Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
O medo nos governa. Essa é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância (Eduardo Galeano)
Depois de Xuxa propor que presos sejam cobaias para novos experimentos científicos, se transformando numa Josef Mengele dos trópicos; depois da deputada Janaina Paschoal, aquela que recebeu 40 dinheiros para escrever a tese furada e bem sucedida do golpe contra Dilma Rousseff, propor relegar os idosos doentes de Covid-19 para um segundo plano, o da morte, em benefício aos jovens, depois das deputada federal Bia Kicis, presidente da Comissão de Justiça da Câmara (pasmem!) incitar policiais militares da Bahia a um motim em razão da morte de um companheiro transtornado que atirava a esmo em Salvador; depois que o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, fez um gesto nazista, pela supremacia branca, num debate da TV Senado, o que virá?
Qual será a próxima proposta estapafúrdia a ser plantada nesta terra, hoje fértil, de intolerância?
Se continuar este desfile de sugestões atrozes, absurdas, em breve poderão ir às redes sociais e bradar para que moradores de rua sejam igualmente colocados á serviço de experimentos químicos; que desempregados sejam colocados no fim da fila do tratamento médico hospitalar da Covid-19 e de outras doenças; que na seleção para a hospitalização sejam eliminados aqueles que professem outras religiões que não a dos evangélicos pentecostais (ateus, nem pensar em tratamento, pois não acreditam em Deus!).
Pode parecer um absurdo escrever estas previsões, mas quem, em sã consciência pensou lá nos idos de 2013 (vai, utilizemos esta data) que chegaríamos ao ponto de termos um governo genocida a comandar o país?
Quem, em sã consciência, preveria um golpe midiático-parlamentar-judiciário contra a presidência de Dilma Rousseff por questões meramente contábeis; quem, há oito anos, pensaria num futuro em que um ex-presidente seria preso por 580 dias por um apartamento que não comprou?
Portanto, neste Brasil de 2021, no qual uma apresentadora de televisão, duas parlamentares e um assessor da presidência apresentam propostas e gestos racistas, genocidas e beligerantes, nada é impossível, mesmo sendo absurdo.
