Estratégia do governo para CPI ameaça senadores aliados do Planalto

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, compartilhado do site Congresso em Foco – 

Dois senadores que podem ser investigados são Chico Rodrigues (DEM-RR), ex-vice-líder do governo, e Telmário Mota (Pros-RR). No ano passado, eles foram alvos da Operação Desvid, que investiga desvios de recursos públicos no combate à pandemia em Roraima. As contratações suspeitas de irregularidades realizadas no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), envolviam aproximadamente R$ 20 milhões que deveriam ser utilizados no combate à covid. O caso corre em sigilo.




Durante uma busca da Polícia Federal (PF) em sua residência, Chico Rodrigues chegou a ser flagrado com quase R$ 30 mil em dinheiro vivo, parte desse valor em sua cueca. O senador ficou afastado durante 121 dias de suas funções e retomou o posto no Senado em fevereiro deste ano. Ao voltar à Casa, Chico Rodrigues disse que “nenhum centavo das emendas foi utilizado” e que sua declaração de Imposto de Renda descartava as acusações feitas contra si.

No curso das investigações, o senador foi impedido de manter contato com Telmário Mota, que na época disse desconhecer o caso e que a citação de seu nome no processo foi articulada por adversários políticos.

Em nota, Chico Rodrigues afirmou ser a favor da CPI da Covid. “Há muita coisa a ser esclarecida, entre elas, a minha inocência. O povo brasileiro, em especial o povo de Roraima, precisa saber os fatos. Espero que a CPI não seja política, mas institucional, e que a verdade das investigações prevaleça. Por isso assinei os três requerimentos para criação da CPI”, disse o senador, que foi afastado da vice-liderança do governo após o episódio.

Já a defesa do senador Telmário Mota afirma ter feito um memorial para a PGR pelo arquivamento do processo. “As denúncias são absolutamente inverídicas e foram imediatamente desmentidas pela própria Secretaria de Estado da Saúde de Roraima que, em 27 de outubro de 2020, declarou que não houve nenhuma contratação, empenho ou liquidação de despesa com recursos oriundas de emenda parlamentar do senador Telmário”.

Confira a íntegra da nota da defesa de Telmário Mota:

Por telefone, a assessoria jurídica do senador alegou ainda que “não houve uma decisão revogando essa”. “Mas acho que já passou, você não pode ficar indefinidamente sem falar com seus pares.”

O senador Telmário Mota não acredita no desenrolar da CPI da Covid. “Estão tocando zabumba para doido dançar. No primeiro momento ela nasceu e tinha o objetivo de ver a questão do Amazonas, agora foi ampliada para estados e municípios, isso envolve de um lado e do outro correntes da esquerda e da direita, para mim é mais um show midiático que estão fazendo”.

Apesar disso, o congressista afirmou ter assinado o pedido de abertura de CPI que abrange estados e municípios. Ele disse ainda que politicamente era preferível ter assinado a proposta original, do senador Randolfe Rodrigues, que buscava investigar apenas atos do governo federal. “O Pazuello é meu adversário político em Roraima, mas coloquei o interesse do povo acima”, diz Telmário.

Conflito de interesses

A CPI, que deve ser presidida por Omar Aziz (PSD-AM) e relatada por Renan Calheiros (MDB-AL), vai investigar as omissões do governo federal na compra de vacinas e insumos, o colapso da saúde em Manaus, o uso de aplicativo TrateCov para estimular tratamento precoce ineficaz, a concessão de auxílio à população, as suspeitas de uso indevido por estados e municípios de repasses federais, entre outros assuntos.

Reportagem de Ana Krüger, do Congresso em Foco, mostra que aliados do governo federal são contra estes nomes na coordenação da CPI, por conflito de interesse. Favorito para assumir a relatoria, Renan Calheiros (MDB-AL) é pai do governador de Alagoas, Renan Filho. O senador Jader Barbalho (MDB-PA), suplente da CPI, é pai do governador do Pará, Helder Barbalho.

Dado como presidente da CPI, Omar Aziz se autodeclara independente, já Renan faz oposição aberta a Bolsonaro. Dos 11 integrantes da comissão, apenas quatro são governistas. Os aliados também contestam o fato de Renan e Omar Aziz serem alvos de investigações.

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