9 razões para ser feminista

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Por Tayná Leite, do Brasil Mensagem , reproduzido no Portal Geledés – 

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“Tornei-me feminista como uma alternativa a ter que me tornar uma masoquista” – Sally Kempton

Por Tayná Leite Do Brasil Post

Desde que me declarei feminista e comecei a estudar um pouco sobre questões de gênero (muito pouco ainda para o meu gosto) muitas pessoas passaram a me ver de forma diferente. Como já disse aqui começaram a surgir olhares de estranhamento quando uso o termo feminista ou aquela cara de preguiça nítida. “Nossa agora você vê machismo em tudo”, já me disseram algumas vezes.

Pois é, meu bem, não sou bem eu quem vejo machismo em tudo, mas o machismo que infelizmente está impregnado nas entranhas mais profunda da sociedade e muita coisa que pode parecer “bobagem” nada mais é do que um sintoma, suave ou não, de uma doença muito maior que afeta nos afeta todas de forma violenta e cruel.

Desde a reação às campanhas desastrosas como a da Risque e da Skol, a minha reflexão sobre querer ou não saber o sexo da pessoinha que estou tentando gerar, minhas críticas às mais bem intencionadas declarações de como a mulher deve se comportar para ter igualdade no mercado de trabalho, o fato de eu não conseguir rir e no mais das vezes me sentir ofendida por piadinhas de humoristas que um tempo já admirei e hoje acho escrotos, são inúmeras as situações em que as pessoas acham que estou exagerando.

A sensação que tenho é de que caiu um véu e agora enxergo as coisas com muito mais clareza e o resultado inicial disso é doído. É difícil perceber como reproduzimos inconscientemente esse modelo que nos aprisiona. Como alimentamos e nutrimos em nosso seio o monstro do machismo desde muito cedo e como somos cúmplices e vítimas ao mesmo tempo. É dilacerante em alguns momentos. Algumas amigas que estão na jornada de empoderamento me confidenciaram que está difícil manter alguns círculos sociais.

As reações são agressivas, irônicas, ofensivas ou apenas indiferentes à la “aham senta lá Claudia” e isso também dói. Para mim o pior de tudo é perceber que, na maior parte das vezes essas reações são reflexo da ignorância, preconceito e falta de informação resultantes do que a maioria das pessoas acha que o feminismo seja. Acho que a cada vez que uma mulher fala “ai que bobagem… quanto mimimi” uma feminista morre de desgosto em algum lugar do mundo.

Então hoje me deparei com esse texto da Julia Barbosa que tenho vontade de compartilhar com o mundo inteiro desmistificando de maneira didática o que não é o feminismo.

Comecei a refletir sobre o que gostaria de dizer a todas as minhas amigas/conhecidas/colegas que torcem o nariz quando uso o termo feminista. Tudo o que eu queria que elas soubessem sobre o porquê eu sou feminista e sobre como isso é importante para nossas vidas. Quem sabe assim nenhuma delas diga por aí que gostaria de ressuscitar só para matar de novo aquelas que queimaram o sutiã. Bom então aí vão 9 razões pelas quais eu sou uma feminista:

  1. Porque eu quero ganhar o mesmo que o meu colega do sexo masculino pelo trabalho feito com a mesma qualidade, experiência, etc e ter as mesmas oportunidades de promoção e desafios sem que isso signifique ter que trabalhar e entregar o dobro e ser vista na sociedade como uma “ambiciosa demais”.
  2. Porque eu não preciso que abram a porta para mim e nem que carreguem minhas malas. Posso pagar minhas contas e as suas se eu quiser. Não preciso de cavalheirismo. Preciso de respeito. Não vou me importar se um homem abrir a porta para mim desde que ele não se importe que eu faça o mesmo por ele.
  3. Porque eu quero ligar a televisão e me identificar e não apenas constatar o quanto estou longe do desejável em uma mulher desejável (perdoem a redundância). Não quero mais ter que me preocupar o tempo todo se a minha unha está bem feita, se estou em dia com a depilação, se tenho ou não celulite se posso ou não comer mais aquele pedaço de pizza. Também não quero ser vista como um pedaço de carne… um buraco macio para penetrações imaginárias de machos alfas que consideram aceitável olhar para uma bunda como se fosse um objeto e não parte de um ser humano.
  4. Porque eu gostaria muitíssimo de andar na rua sem ter que ouvir merda! Sem ter medo… sem ter que apressar o passo… sem ter que dar a volta para evitar aquela construção, grupo de homens, o que seja. Quero ser dona do meu corpo e poder usar a roupa que eu quiser sem ser julgada ou acharem que estou “pedindo” para ser estuprada ou assediada, muito menos sentirem-se no direito de me “comer com os olhos”. E se por acaso for estuprada que não seja uma humilhação ainda maior ter que ir atrás de justiça para o agressor.
  5. Porque eu quero que as mulheres possam decidir como, quando e com quem vão transar sem que isso as classifique de vagabunda ou dê o direito de as pessoas acharem que estão sempre disponíveis.
  6. Porque eu não consigo aceitar que mulheres sejam o tempo todo vítimas de violência física e psicológica dentro de suas famílias e a sociedade continue achando que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” e que o homicídio de mulheres por ciúme doentio de homens seja uma atenuante e não um crime hediondo.
  7. Porque eu quero que meus filhos saibam que poderão ser o que eles quiserem ser independente do cromossomo X a mais ou a menos que lhes for atribuído na loteria da fecundação. Quero que meu menino saiba que ele pode e deve chorar, expressar seus sentimentos, abraçar e beijar seus amigos pois isso “não é coisa de menina” e sim é o que nos torna humanos. Quero que minha filha saiba que ela pode ser astronauta ou presidente da República se quiser, mas que ela também pode ser mãe ou jogadora de futebol e todas as outras funções que ela QUISER!
  8. Porque a maternidade tem que ser uma oportunidade e não um fardo que nos limita e nos oprime.
  9. Porque eu quero um mundo mais justo, mais humano e mais igualitário com compreensão e colaboração entre todos os seres do planeta.

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