28 locais inusitados, bizarros e imperdíveis na cidade de São Paulo

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Por Daniel Guth Favoritar, consultor em mobilidade urbana, publicado no Brasil Post – 

Não, a praia do paulistano não é o Shopping Center. Pelo menos não precisa ser. Para muito além das vitrines e da interminável procura por uma vaga de estacionamento de carro, São Paulo é uma cidade com verdadeiras joias escondidas e acessíveis, vejam só, a pé ou de bicicleta.

Então deixe o carro em casa e caminhe ou pedale pela cidade de São Paulo com a mente aberta e o interesse de um quase turista conhecendo sua própria cidade. Para isto listamos 28 locais que proporcionarão diversas sensações, nostálgicas e até lisérgicas. Boa viagem!




1. Alameda Carlos Marighella (Alameda Casa Branca)

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Nem todas as nossas memórias são alegres. Caminhando e cantando às vezes também tropeçamos em sangue; histórias ainda não cicatrizadas da ditadura militar.

No meio do Jardins, em plena Alameda Casa Branca, esquina com a Lorena, Carlos Marighella, o líder da Ação Libertadora Nacional, foi emboscado e brutalmente assassinado pela ditadura militar. E na calçada onde o crime ocorreu há uma pedra em sua homenagem, que foi instalada no final dos anos 90.

No mesmo bairro onde hoje a gente vê manifestações em favor da ditadura militar, há ainda nódoas de sangue manchando nossas ruas e nossa história.

Aproveite para caminhar e cantar por São Paulo… mas agora SILÊNCIO! Para prestar 1 minuto de homenagem àqueles que lutaram pela nossa democracia.

Serviço: Alameda Casa Branca, esquina com a Alameda Lorena.

2. Batalha do Santa Cruz

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Quem sai do metrô Santa Cruz, no sábado à noite, praticamente não consegue caminhar porque as calçadas estão tomadas por MC’s e amantes do hip hop, da rima e do improviso, ou melhor, do Freestyle!

Em frente ao colégio Marista, ocupando a calçada e muitas vezes parte da rua, centenas de rappers se reúnem para duelar uns com os outros. É a famosa batalha do Santa Cruz, uma tradição que já dura 8 anos no mesmo local.

A batalha é liderada pelo coletivo Afrika Kidz que, além da presa pela qualidade do improviso, das letras e das batidas, transformou a Batalha do Santa em referência de ocupação coletiva do espaço público. É a arte revitalizando um local antes apenas de passagem.

Serviço: Saída do Metrô Santa Cruz, sábados às 20h.

3. Beco do Aprendiz

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Uma obra de arte por si só já é algo sublime. A arte pode ser revolucionária, marcando posições políticas, ou mesmo trazendo questionamentos sobre nosso modo de vida.

Mas é revitalizando espaços públicos que a arte urbana assume sua condição mágica. E o grafitti tem este poder revolucionário: levando luzes, cores, formas onde antes só havia dor, violência, desespero.

O Beco do Aprendiz, na Rua Belmiro Braga, em plena Vila Madalena, é exatamente assim. Uma quadrinha de basquete é o portão de entrada pra uma verdadeira galeria a céu aberto. São corredores com painéis e graffitis de artistas renomados. É muito comum cruzar com alguma obra em plena execução, aliás.

Diferente do Beco do Batman, que também é genial, o Beco do Aprendiz é totalmente fechado á circulação de carros. Ou seja, só acessa quem estiver a pé ou de bicicleta… do jeito que a gente gosta!

Serviço: Rua Belmiro Braga, s/n

4. A Casa Bola

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Depois de gravar 2001: uma odisseia no espaço, o Hal 9000, personagem principal do filme, pediu exílio ao então Prefeito de São Paulo, Olavo Setúbal, e veio morar aqui no Itaim Bibi.

Aos amantes da ficção científica e da arquitetura futurista, nossa caminhada de hoje é pela Rua Amauri, no número 352. Olhem pra cima, entre os prédios. Viram uma esfera quase que flutuando? Não, não é um contato de primeiro grau, é a CASA BOLA, construída pelo arquiteto Eduardo Longo e inaugurada em 1979.

Com Design interior minimalista, todo em branco, a CASA BOLA é um ÍCONE da cidade e tem todos os cômodos de uma casa convencional, só que no formato inusitado de… de uma BOLA mesmo! Uma joia da arquitetura esmagada entre os prédios.

Serviço: Rua Amauri, 352.

5. A Casa do Bandeirante

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A Taipa de Pilão é uma técnica milenar de construção. Há vestígios de construções de taipa de 7 mil anos atrás! Uma técnica tão incrível que os portugueses trouxeram para o Brasil e foi amplamente adotada, especialmente no Estado de São Paulo, nos séculos 17 e 18.

É no Butantã que está preservada uma das últimas casas nesse estilo, construída em meados de 1700: a Casa do Bandeirante.

Ela fica na Praça Monteiro Monteiro Lobato, acessível a pé, colada no Rio Pinheiros. E é toda cercada de verde e árvores frondosas. Recomendo caminhar pelos cômodos da casa e observar, com saudosismo, a época dos bandeirantes. Há ainda móveis e objetos preservados daquela época!

Serviço: Praça Monteiro Lobato, s/n. Fechada temporariamente para obras de acessibilidade.

6. A Casa do Caboclo

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Lugar incrível para se andar a pé, degustar um bom café no bule com broa de milho e ouvir uma moda de viola caipira.

O Parque da Água Branca, ao lado do Metrô Barra Funda, é o lugar ideal pra viver esse clima de fazenda, clima do interior, só que no meio da cidade. E a Casa do Caboclo, dentro do parque, resume todos os sentidos e sensações nostálgicas.

Para o paladar, o café e a broa de milho assada.
Para os olhos, uma casa de pau a pique e a decoração típica.
Para o olfato, o cheiro da lenha queimando e o café passando pelo coador.
Para o tato, o encosto de uma confortável cadeira de balanço.
E para os ouvidos, ah, uma deliciosa moda de viola.

O Parque é aberto todos os dias. Mas as delícias da Casa do Caboclo se concentram nas manhãs de sábado e domingo.

Serviço: Avenida Francisco Matarazzo, 455 (metrô Barra Funda). Casa do Caboclo: Sábado e domingo pelas manhãs.

7. Cemitério da Consolação

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Paulistanos não têm o hábito de aproveitar os cemitérios como parques e áreas abertas, como nossos vizinhos porteños ou os parisienses o fazem. Mas o cemitério da consolação é realmente sensacional pela diversidade de obras que ali repousam.

São mais de 300 esculturas e mausoléus. No cemitério estão sepultados Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Militão Augusto de Azevedo, a família Matarazzo, a Marquesa de Santos, Monteiro Lobato e tantos outros personagens da história de São Paulo!

Caminhe pelas ruas e alamedas, sem medo. Curta os ipês amarelos, as quaresmeiras e figueiras, pitangueiras do cemitério. É lindo de morrer, quer dizer, de viver. De viver, por enquanto!

No meio de tantos atrativos, meu preferido é a Pietà, uma escultura impressionante de granito feita em 1923 pelo Victor Brecheret, nosso grande escultor modernista. Fica na Rua 35, terreno 1.

E pra quem ficou com vontade de conhecer, mas ainda acha muito tétrico transformar um cemitério em parque, a Prefeitura organiza visitas monitoradas todas as terças e sextas às 9h e às 14h. O guia é o Zé do Caixão.
Bem que poderia ser, né?

Serviço: Rua da Consolação, 1660

8. Centro Cultural São Paulo

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Quem nunca tirou uma tarde de folga no Centro Cultural São Paulo, na Vergueiro, não sabe o que está perdendo!

Recomendamos caminhar descompromissadamente na área interna e depois parar pra ler um livro no telhado verde: uma verdadeira praça pública com bancos, gramados, plantas e até uma horta!

É muito comum cruzar com vários grupos de rodas de dança, jovens ensaiando passos de R&B e de street dance. Interessante ver como eles usam as vidraças como espelho, pra treinar os passos. Os mais agilizados têm até instrutor de dança.

Para quem se cansa rápido das músicas da Britney Spears, indicamos descer para conhecer a discoteca Oneyda Alvarenga, uma linda coleção de discos de 78 e 33 rotações. Uma verdadeira perdição para os amantes dos discos antigos…

Concluindo, aproveite o Centro Cultural e seus ambientes e depois pegue um livro para curtir o sol do final da tarde no telhado.

Serviço: Rua Vergueiro, 1000. De terça a sexta, das 10h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.

9. Edifício Martinelli

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Ele foi o nosso Empire State Building, o maior arranha-céu do Brasil e da América Latina. Era para ter vinte andares e terminou com trinta!

Não, não é o Edifício Itália, tampouco o Edifício Altino Arantes, o Banespa. Estamos falando do Edifício Martinelli, uma agradável loucura do empresário italiano e megalomaníaco Giuseppe Martinelli, que começou sua construção em 1924 e terminou em 1929.

O Martinelli tem fachada neo-clássica e elementos art-déco, arabescos, espelhos na parte interna, elevadores suíços e uma das coberturas mais incríveis já feitas em São Paulo. Já foi hotel de luxo, já abrigou uma famosa boate, teve prostíbulos, cortiços, já pertenceu à família Martinelli, ao governo italiano e agora é um equipamento público municipal. Já foi capa de revistas da alta sociedade e do Notícias Populares, com direito a mistérios e assassinatos nunca solucionados. Enfim, uma zona que é também a cara de São Paulo.

A visitação à cobertura do Martinelli é aberta ao público e a entrada pela Avenida São João, quase esquina com a São Bento. Acesso somente à pé ou de bicicleta! O metrô mais próximo: Estação São Bento.

Serviço: Av. São João, 11. Visitação de segunda a sexta, das 9h30 às 11h e das 14h às 16h. Sábados, das 9h às 15h e domingo, das 9h às 13h.

10. A cripta da catedral da Sé

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Para além do marco zero, na Praça da Sé, e da própria catedral, debaixo dos pezinhos de milhares de visitantes existe a cripta da catedral. Sabiam dessa?

Piso todo de mármore de Carrara, arcos de tijolo no teto, a cripta é uma espécie de capelinha de 600 metros quadrados que fica embaixo do altar principal da capela.

Lá existem 30 câmaras mortuárias, incluindo 15 corpos de bispos e o túmulo do cacique Tibiriçá, o Formigão da Terra. Quem aqui lembra um pouquinho das aulas de história na escola? O cacique Tibiriçá foi o primeiro índio catequizado pelo Padre José de Anchieta e teve papel decisivo na fundação da cidade de São Paulo. Uma história com particularidades que nem é tanto motivo de orgulho. Mas, enfim, é a nossa história, não é mesmo?

Voltando à cripta da catedral, essa é uma visita imperdível. Só se acessa a pé. Ah, não posso entrar de carro na cripta? Nãããão. Pra quem vem de bicicleta, tem o bicicletário do metrô Sé. As visitas à cripta acontecem de terça a domingo.

Serviço: Praça da Sé, s/n. De segunda a domingo, das 9h às 17h.

11. Marsilac e a vista para o mar

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“Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
é ela menina que vem e que passa,
num doce balanço a caminho do mar”.

A Garota de Ipanema agora é Garota de Parelheiros. Ela também está a caminho do mar, só que do Marsilac até Itanhaém.

Dali do Marsilac, distrito do extremo sul da cidade, é possível ver o mar. Sim, da cidade de São Paulo é possível ver o mar!

Do Marsilac até o mar, em linha reta, dá 10km. Até o centro de SP, em linha reta, dá 40km. Para vocês verem quão enorme e diversa é a nossa cidade!

Pra quem gosta de terra e lama há uma trilha que vai do Marsilac a Itanhaém pelo meio da Serra do Mar. Ela é pouco recomendada pela dificuldade e complexidade dos caminhos, mas continua sendo um belo desafio para mochileiros.

Pra quem só quer curtir o dia caminhando há dezenas de trilhas, cachoeiras, nascentes, pousadas ecológicas pra quem quiser esticar o final de semana e até uma cratera de meteorito de 35 milhões de anos.

A região é protegida pelas áreas de proteção ambiental Capivari-Monos e Bororé-Colônia e é um verdadeiro oasis de mata atlântica nativa na cidade.

12. Os engraxates do centro

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Em São Paulo anda-se muito. E anda-se depressa. E se o seu automóvel também é o seu pé, por que não cuidar dele com uma bela engraxada no sapato?

Eles são ótimos contadores de histórias. Alguns até arriscam seu próprio espetáculo de comédia. Tudo isto nos 15 minutos em que o cliente está ali, sentado, aguardando sapato voltar a ter brilho.

A tradição do engraxate existe desde o comecinho do Século XIX. Em São Paulo, ela acompanha o crescimento da cidade desde sempre. Nas estações de bonde e de trem, nas praças e nos calçadões do centro, pelas mãos e pelos paninhos dos engraxates passaram os pés de muitos daqueles que fizeram a história da nossa cidade.

Nos tempos do sapatênis, crocs, das “rasteirinhas” e do tênis de corrida, a profissão do engraxate parece que vai desaparecendo aos poucos.

Por que não retomar o hábito de parar por 15 minutos a caminhada insana, na Sé, na Praça Antonio Prado ou na Praça da República, e sair feliz dali com os sapatos bem cuidados e com a história preservada desta atividade tão bonita?

13. FAU Maranhão

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Quem caminha atentamente por higienópolis pode experimentar pílulas da história da nossa cidade.

Logo ali no início da Rua Maranhão, entrando pela Rua Itambé, um casarão estilo art-noveau chama muito a atenção de caminha pelo bairro. É lindo demais e é sede da pós da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

E não à toa! Construída em 1902, foi uma encomenda do Conde Antonio Alvares Penteado ao arquiteto sueco Carlos Akman, para que fosse a casa de sua família.

Conhecida como a mansão da Vila Penteado, é uma das poucas construções estilo art-noveau que sobreviveram ao tempo e ao implacável crescimento da cidade e foi doada pela família Penteado à USP, ainda na década de 40.

Tombada pelo Condephaat há quase 40 anos, é uma preciosidade e não há possibilidade de um paulistano apaixonado pela nossa cidade não conhecer este lugar!

Serviço: Rua Maranhão, 88

14. Feiras de Rua

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Feira de rua é um patrimônio de São Paulo desde o Século XVII. Isso aí, desde 1600 e bolinha a cidade já organizava feiras livres nas ruas.

E mais: temos 7 mil anos de relacionamento e história com as ruas, esse espaço público por excelência. E o comércio sempre fez parte. Em meio a carroças, cavalos, depois bondes, trens, ônibus e agora também em meio aos carros.

SP tem quase 900 feiras de rua oficiais.
E aqui destacamos algumas maravilhosas:
a Feira da Liberdade, aos domingos;
a Feira da alameda das Flores, às sextas, na Alameda Rio Claro;
a Feirinha da madrugada, em várias ruas do Brás;
e a Feira do rolo da Vila Mara, no extremo da Zona Leste, aos domingos.

E a sua? Qual a sua feira de rua preferida?

15. Ferreomodelismo no Ibirapuera

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Os trens da grande São Paulo estão saturados! Só nas linhas da CPTM são 2 milhões e meio de passageiros todos os dias.

Mas sabiam que no Ibirapuera tem um lugar onde vocês podem planejar o seus próprios sistemas sobre trilhos? Quantos vagões terão em seu trem? Qual a velocidade dele? Com ou sem vendedores ambulantes e adoradores da bíblia? Paisagem árida, floresta, túneis? Que tal incluir um lago, um maquinista com seu boné e, de repente, uma Maria fumaça cruzando seu caminho?

Sim, tudo isto é possível, só que em miniatura. É o chamado ferreomodelismo, a arte dos adoradores dos trilhos.

O Clube Modelódromo, onde tudo isto está disponível, fica em frente ao Parque Ibirapuera. O local para a prática de ferreomodelismo está localizado debaixo da arquibancada.

Deixe os olhos brilharem e volte a ser a criança que um dia sonhou com os trilhos no lugar das ruas e estradas entupidas de carros e caminhões.

Serviço: Rua Curitiba, 290

16. Galeria Califórnia

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Caminhar pelos calçadões do centro de SP é o que fazem milhões de paulistanos diariamente. Mas você já parou para pensar nas joias da cidade escondidas em meio à toda correria do dia-a-dia?

Na Rua Barão de Itapetininga, por exemplo, a 3 minutos do Metrô República, você encontra uma dessas joias: o Edifício e Galeria California.

Traços modernistas, sustentação em V, foi inaugurado em 1955. Projeto arquitetônico de ninguém menos que Oscar Niemeyer!

Entrando na galeria, entre uma loja de relógios antigos e os elevadores sociais, em frente a uma loja de DVDs (semi originais), você encontra um dos mais incríveis e raros painéis de Candido Portinari. Um painel abstrato de mosaico que ocupa uma parede inteira de 250m². É de tirar o fôlego.

Serviço: Rua Barão de Itapetininga, 255

17. Academia do Garrido

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Carros amontoados, enferrujados, apodrecendo, essa era a realidade do local onde hoje funciona uma academia pública que atende 500 pessoas por dia.

A academia do Garrido funciona desde 2006 embaixo do Viaduto Alcântara Machado, na boca da Radial Leste e pertinho da estação Brás de trem e metrô.

Esse é um dos lugares mais inclusivos de São Paulo. Onde você encontra um policial numa esteira de caminhada, um ex viciado levantando um supino, tudo isto em meio a gritos de skatistas e ciclistas de BMX.

Tudo aqui é mágico, de uma beleza tão única e underground, que você se sentirá como um personagem de um filme de George Kuchar ou David Lynch.

Serviço: Baixo do Viaduto Alcântara Machado

18. Horta no telhado do Shopping Eldorado

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Tem gente que adora caminhar em Shopping Center vendo vitrines, manequins, joias, sapatos. Mas e se entre um vestido e uma bolsa tivesse uma berinjela, um tomatinho cereja? Entre um fast-food e a loja de celulares, um pé de alface, alecrim, maços de manjericão?

Todo paulistano conhece o Shopping Eldorado, que fica na Avenida Rebouças, certo? É no telhado deste shopping que se encontra um dos projetos mais interessantes de horta urbana: são 2 mil metros quadrados de hortaliças, legumes, verduras e ervas medicinais.

Os restos de comida da praça de alimentação são transformados em adubo, que são levados ao telhado e usados para o plantio de todas estas delícias. E é tudo orgânico, ou seja, sem agrotóxico nenhum.

Para visitar a horta basta ligar na administração do Shopping e agendar a visita. Uma boa maneira de surpreender sua família com um programa inusitado, não acham?

Serviço: Avenida Rebouças, 3970

19. Liberdade

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Se aprender a morrer é se libertar, a Liberdade é o bairro que de morte mais se aprende. E se ninguém morreu por conta do meu péssimo trocadilho, o bairro da Liberdade é realmente repleto de histórias e locais macabros e sombrios.

A Praça da Liberdade, na saída do Metrô Liberdade, era antes conhecida como Largo da Forca. Ali José Bonifácio enforcou o soldado Chaguinha, que conseguiu a façanha de ter a corda rompida por duas vezes antes de morrer na terceira tentativa. Dizem que sua alma penada ainda circula por ali, entre a barraca do Yakissoba e a do Tempurá.

Atravessando a praça a pé, na esquina com a Av. Liberdade, tem uma igrejinha, sempre cheia de velas e mensagens na porta, chamada Santa Cruz das Almas dos Enforcados (ou Igreja das Almas). Imaginem o porquê do nome…

A Liberdade também abrigou o primeiro cemitério da cidade, o Cemitério dos Aflitos. Onde os indigentes e os não-católicos eram enterrados. No local do cemitério só restou a Capela dos Aflitos, construída em 1779, que hoje está esmagada entre construções modernas, na Rua dos Aflitos, 70.

Calce um bom sapato preto e vá conhecer o lado sombrio e intrigante da Liberdade.

20. Parklets

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Todo mundo é pedestre. Saindo do carro, descendo do ônibus, da bicicleta… 1/3 da população de São Paulo faz da caminhada seu PRINCIPAL meio de locomoção.

Há mais ou menos 1 ano São Paulo aderiu à implantação de parklets, estruturas pensadas desde o começo dos anos 2000 e oficializadas em 2010, em São Francisco.

Afinal, o que é um parklet? Mini praças instaladas no lugar de vagas de carros na rua, uma extensão da calçada para as pessoas curtirem a cidade.

Com bancos, cadeiras, plantas e alguns até com wi-fi gratuito, os parklets começam a pipocar por SP. Já são NOVE e hoje soube que pelo menos 30 estão em planejamento.

Levantamento feito pelo Instituto Mobilidade Verde aponta que os comércios já foram beneficiados com os parklets, com aumento de 15% nas vendas pelo fluxo de pedestres.

E aqui vai a grande sacada: qualquer paulistano também pode construir um parklet. Isso mesmo! Desde Abril desse ano a Prefeitura oficializou os parklets como mobiliário e quem tiver interesse tem que apresentar um projeto e arcar com os custos da implantação e manutenção.

21. Parque da Luz

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Parque da Luz: o primeiro jardim público da cidade! Pequeno, quase uma praça, ao lado da Pinacoteca, em frente à estação da luz de trem, pertinho da José Paulino.

Só de ficar caminhando e observando as pessoas e os animais por aqui já valeria a viagem. Do trabalho das prostitutas com mais de 60 anos à também veterana família de bichos-preguiça que vive nas redondezas desde o Século XIX, o Parque da Luz é um equipamento público cheio de curiosidades. Uma delas, destacamos aqui especialmente, é o Lago da Diana.

Em 1999 o parque passou por uma reforma e descobriram que debaixo do Lago da Diana havia túneis soterrados. Cavaram mais, tiraram a terra e encontraram um aquário para observação dos peixes do próprio lago. É muito interessante e hoje está aberto à população, mas poucos conhecem.

Particularidades do Parque da Luz, o Horto Botânico do Brasil Colônia, que fica em frente à estação da luz de trem e metrô.

Serviço: Praça da Luz, s/n

22. Parque Minhocão

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Minhocão. Polêmico Minhocão. Um presente de grego da ditadura militar para a cidade de São Paulo. De solução para a mobilidade urbana o Elevado se transformou rapidamente em um enorme problema pra quem vive ali. Fuligem, barulho sem fim, acidentes, buzinaços.

Mas como a cidade muitas vezes se une para tirar leite de pedra, ou melhor, leite de concreto, o Minhocão aos poucos foi se transformando em um espaço para as pessoas, um verdadeiro parque suspenso.

Todos os dias à noite, domingos e feriados o dia todo, são milhares de famílias, crianças, ciclistas, corredores,curtindo a cidade e subvertendo uma estrutura antes pensada apenas para os carros. Um verdadeiro Parque Minhocão!

Serviço: Elevado Costa e Silva (Minhocão). Todos os dias, das 21h30 às 6h. Domingos e feriados o dia todo.

23. Pracinha da Oscar Freire

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Uma rampa de estacionamento transformada em PRAÇA. Um espaço individual, em COLETIVO. Um espaço fechado, em ABERTO.

Para quem estiver de passagem pela Rua Oscar Freire, recomendamos descobrir a Pracinha, inaugurada em Maio desse ano. Uma iniciativa do setor privado com a sociedade civil.

Um respiro para o convívio e interação entre as pessoas, a Pracinha conta com Wi-fi gratuito pra quem quiser trabalhar; bancos e cadeiras, atividades lúdicas e até shows ao vivo!

Serviço: Rua Oscar Freire, entre a Rua da Consolação e a Rua Melo Alves.

24. Relógio Primor

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Essa dica é pra quem mora, trabalha ou passa pelo Jardim Paulista… Caminhando, é claro!

Quando estiver na Alameda Jaú, entre a rua Padre João Manuel e a Augusta, pare por um minuto no número 1477, atravesse a rua e olhe entre os prédios.

Mas olha pra cima! Não vai levar um segundo pra você avistar um relógio que fica na cobertura do Edifício Salvador Pastore, nome de um dos maiores relojoeiros da história de São Paulo.

De Design modernista, esse relógio, que é um Primor, foi inaugurado em 1958. E com o passar do tempo restou apenas uma frestinha entre os prédios para conseguir enxergá-lo. É quase como uma ultima badalada antes das construtoras engolirem nossa história.

São Paulo tem dezenas de pontos de observação de aves. Está na hora de criarmos também os pontos de observação de relógios históricos, afinal, está cada dia mais difícil encontrá-los na selva. Os pássaros ainda cantam, mas nossos relógios já não fazem mais tic-tac.

Serviço: Relógio Primor. Alameda Jaú (entre os prédios), altura do nº 1477.

25. Rua Augusta

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Entrei na Rua Augusta a 120 por hora.
(Nãããão!)
Vamos recomeçar:
Entrei na Rua Augusta a 6 km por hora.
Agora sim!

A música de Ronnie Cord retrata a mudança cultural e urbanística que a Rua Augusta sofreu no início da década de 60: a retirada dos bondes para dar espaço aos carros e a consolidação de um point efervescente para a juventude paulistana.

Mas vamos rebobinar a fita uns 10 anos… e bora lá pra Rua Augusta do comecinho de 1950, nos tempos dos casarões, do bondinho elétrico e da garoa constante. Vamos caminhando!

Na esquina da Rua Colômbia com a Estados Unidos, em frente ao Clube Paulistano, tem uma pracinha em formato estranho de arco. Já repararam? Ali era justamente onde os bondinhos davam a volta pra subir a Augusta em direção ao centro. Está preservada até hoje.

Vamos caminhando pela Augusta sentido centro, na calçada do lado esquerdo. Sapatos já estão meio gastos, então vamos parar no número 2634 pra comprar um tênis e perguntar o que os paulistanos costumavam calçar em 1953, quando a Casa Tody foi inaugurada.

Cheia de caixinhas de sapato até o teto e com uma linda escada em caracol, toda de madeira, a Casa Tody é uma verdadeira sobrevivente da história de SP em meio à truculência das modernidades.

E vamos subindo, atravessamos a Paulista e agora desceremos caminhando sentido centro, até a esquina da Augusta com a Rua Dona Antonia de Queiroz. Uma parada no nº 724, uma pequeníssima loja chamada PLAS, com fachada de madeira.

Vitrine com dezenas de chapéus, coletes e peças de alta costura anuncia a moda no ano de 1954, quando o alfaiate francês Maurice Plas aqui abriu sua loja, na promissora Rua Augusta. Boinas de todas as cores e formatos, femininas e masculinas, paletós e coletes, tanto o interior quanto o exterior da loja se mantiveram intactos durante esses mais de 45 anos.

E já com 85 anos, Maurice Plas conta detalhes de como era a Rua Augusta desde a década de 50. Possui um rico acervo de fotos e jornais da época, além de ser uma figura deliciosa para papear e arranhar o francês com clientes e transeuntes.

E aqui termina nossa caminhada pelos idos anos 50 na Rua Augusta… em pleno Século 21!

Serviço: Rua Augusta, em toda sua extensão.

26. Salão dos Arcos do Teatro Municipal

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Já repararam que existem dois túneis fechados com grades, ali na Praça Ramos de Azevedo, na parte alta do Vale do Anhangabaú, em direção ao Teatro Municipal?

Escuros, parecem uns depósitos de lixo, mas eles são, na verdade, acessos diretos para a sala de espetáculo do próprio Teatro.

São 32 metros de túneis que acessam o belíssimo Salão dos Arcos, que estava soterrado e foi redescoberto na reforma de 1986. Há ainda um terceiro túnel, que ligava o Hotel Esplanada, hoje sede da Votoratim, que é um verdadeiro mistério arqueológico, pois ele nunca foi descoberto!

Infelizmente tanto os túneis quanto o Salão dos Arcos estão fechados para os paulistanos. Apenas funcionários têm acesso. Então lanço aqui uma provocação à Secretaria Municipal de Cultura: por que não abrir os túneis e o Salão dos Arcos para as pessoas?

A Prefeitura lançou há pouco tempo o Projeto Centro Aberto. Que tal lançarmos oProjeto Salão dos Arcos Aberto?

Serviço: Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.

27. Memórias da Semana de Arte Moderna de 1922

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Imagina assim: é meia-noite em SP. E você está de cartola e paletó esperando passar o bonde. Ainda com o vagão em movimento você pula para dentro e vê que o bonde está lotado.

Na primeira fileira está Oswald de Andrade discutindo com a Pagú… Olhando pela janela, introspectivo, está Monteiro Lobato. Eufóricos e sentados lá no fundão do bonde estão Di Cavalcanti e Villa-Lobos.

Faz 92 anos que São Paulo foi palco do evento que mudou completamente os rumos da arte no país: a semana de arte moderna de 1922.

Por todo centro e pelos calçadões há memórias preservadas dessa época tão rica.

Na Rua Benjamin Constant, número 122, pertinho do Metrô Sé, está o edifício onde viveu o poeta Álvares de Azevedo, hoje preservado com o seu nome. Na mesma rua, esquina com a Praça da Sé, é o local onde funcionou a editora de Monteiro Lobato, hoje sede da Editora UNESP.

Um pouco mais à frente, na Rua Libero Badaró, número 67, no 2ª andar, Oswald de Andrade alugou e sediou uma garçonière, local de encontro dos intelectuais da época e parada final do nosso bonde antropofágico.

Serviço: Centro de São Paulo. Várias ruas.

28. Brás

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Somos todos filhos de nordestinos, italianos, gaúchos, japoneses. Caminhar por São Paulo é uma experiência cosmopolita e ao mesmo tempo muito brasileira.

O Brás talvez seja a síntese deste sentimento. Por aqui passaram ou ficaram milhões de imigrantes, trabalhadores da economia cafeeira ou das lavouras no interior. O caminho que vai da estação Brás do metrô até o Museu da Imigração é cheio de particularidades da nossa história.

Na Rua Domingos Paiva com a Visconde de Parnaíba, aos finais de semana e feriados, sabia que existe uma Maria Fumaça que te leva até a Mooca, meu?!

Para cruzar os trilhos da CPTM, em direção ao Museu da Imigração, você é obrigado a passar por uma linda e mal conservada passarela de ferro: patrimônio histórico de SP!

Aliás, só essa passarela importada da Inglaterra no Século XIX já vale a caminhada!

E concluindo o roteirinho tem o museu da imigração, que surpreende pelo amplo jardim bem arejado, com bancos e árvores; pelo restauro arquitetônico da antiga Hospedaria; e pelo acervo da história de mais de 2 milhões de imigrantes que por aqui passaram a partir de 1887.

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