A aritmética peculiar da Folha

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Por Rogério Cerqueira Leite em seu Blog – 

Em letras colossais a Folha proclama “Dilma atinge só 32% das metas definidas para 2015”. Considera então o Jornal 34 metas das quais o próprio jornal contabiliza 11 metas como atendidas, 16 como atendidas insatisfatoriamente e as demais como parcialmente atendidas.

A falácia começa aqui: esses itens ditos parcialmente atendidos, com uma única exceção são metas para 2018 ou 2016. Um pouco de lógica e de boa fé, consideraria os “parcialmente atendidos” em datas além de 2015 como “cumpridos” e não como “não cumpridos” como os estatísticos da Folha o fizeram. Com isso teríamos um sucesso superior a 50% e não 32% como calcula a maliciosa aritmética da Folha.




A aritmética peculiar da Folha

O segundo sofisma da análise do Jornal consiste em incorporar no mesmo pacote metas que dependem essencialmente do Executivo, com outras que dependem de vários estamentos da sociedade, tais como Congresso Nacional, mídia, empresariado, economia externa, e até mesmo a própria sociedade (quem elegeu Eduardo Cunha?), a inflação, (quem resistiria à vociferante, incessante e alarmista campanha da mídia, principalmente televisada?). Que empresário ousaria investir com o clima apocalíptico instalado no Brasil pelos irresponsáveis partidos neo-liberais, PSDB, DEM, etc. em ressonância com a mídia?

A Folha também esquece a queda de preços no mercado de commodities e as consequências trágicas para a economia nacional.

A terceira e mais subversiva das distorções da análise da Folha está em considerar como metas para 2015, meras declarações de intenção sem data prevista, ou marcadas para o fim da atual administração, 2018. E mesmo para os poucos quesitos cujas metas não foram alcançadas, as conclusões da Folha são questionáveis. Por exemplo, a administração Dilma tinha como meta 60 mil escolas do ensino fundamental com ensino em tempo integral em 2015, porém, só chegou a 58.651, ou seja, faltaram dois por cento do total das escolas.

Em conclusão, apenas 5 itens dos 34 considerados poderiam ser considerados como não atendidos integralmente. E todos dependiam de financiamento. O admirável é que nas condições econômicas e políticas em que se encontra o Brasil, tanto tenha sido alcançado.

Se alguém duvidar desta conclusão seria porque está tão pervertido pela mídia que já não enxerga o óbvio, ou porque está a serviço do elitismo da oligarquia.

Recentemente “The Economist”, revista que encarna a direita esclarecida europeia, reconheceu o enorme sucesso do programa brasileiro “Bolsa Família” pela eficiência no combate à desigualdade, e isto é o que ameaça e irrita a burguesia brasileira, ciosa de seus privilégios. A análise da Folha do desempenho da administração petista reflete esse pavor que a elite brasileira sofre com a ameaça da redução da desigualdade e pressuposta perda de privilégios. E ainda existem uns apoucados que afirmam que não há mais luta de classe.

Imagem: Jorge Fraga

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