Enquanto servia o jantar para os gatos, refleti sobre as falas do deputado de extrema-direita que decidiu fazer turismo no território da guerra.
Por Walter Falceta Jr., compartilhado de Construir Resistência
Minha primeira conclusão foi de que, aos 35 anos, o parlamentar ainda padece de gravíssima imaturidade psicológica e de uma dificuldade doentia para lidar com a própria sexualidade.
O deputado machista deixou a namorada para, supostamente, acompanhar o conflito e prestar auxílio às tropas de radicais de direita associadas ao Setor Direito e ao Batalhão de Azov.
No entanto, toda a construção da sua psiquê está concentrada num transe da libido reprimida, distorcida e degradada.
Em vez de enxergar refugiados, ele percebe apenas corpos sexualizados, numa idealização deletéria da beleza branca europeia, elevada à condição de fetiche pelos supremacistas.
Não é preciso recorrer a Freud para compreender esse retardo, comum a quase todos os fascistas. Suas fantasias sexuais estão sempre associadas a algum tipo de coprofagia. É uma república de Saló sem fim…
Daí, seu entusiasmo em declarar que lamberia o ânus de uma musa que tivesse evacuado. Parece-me sintoma de uma enfermidade emocional crônica. É a glamourização da barbárie.
A psicologia de massas do fascismo revelou como a ultra-direita interdita a naturalidade da pulsão sexual. O que sobra desse exercício moralista é uma energia dirigida para a violência, a delinquência e a lascívia degradante.
Em seus delírios, Mamãe Falei não enxerga crianças assustadas, pais de família combalidos, prédios destruídos ou sonhos interrompidos.
O que ele vê é a oportunidade da pilhagem. As ucranianas lhe parecem supostamente “fáceis” porque são “pobres”. Sim, é evidente que o deputado não deixaria escapar a oportunidade de misturar seu vício sexista ao economicismo raso da direita neoliberal.
Mamãe Falei é obtuso, repugnante e asqueroso, mas parece também alguém que carece de ajuda para organizar a simbologia de seus sonhos. Surpreendentemente, ele vê “deusas” numa fila de pessoas que procuram escapar de bombardeios.
Os áudios da guerra são assustadores, mas tremendamente didáticos. Revelam no detalhe íntimo a perversão ruinosa da nova direita. É um problema moral, ético, mas também de saúde pública. A insanidade gera o fascio. E o fascio alimenta a insanidade.
Walter Falceta é jornalista e um dos fundadores do Coletivo Democracia Corintiana (CDC)