Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
Como a senhora explicaria a um menino o que é felicidade? Não explicaria. Daria uma bola para que ele jogasse (Dorothee Sölle, teóloga, escritora e poeta alemã)
Uma senhora residente numa praia de Paquetá, na frente de sua casa, olha para uma bola que paira na areia. Um garotinho com cerca de seis anos se aproxima e pergunta se aquela bola é de alguém. A senhora diz não saber, mas comenta que a bola pode ser muito pesada para ele. O garoto responde que seu pai poderia jogar com ela.
Passa um tempinho e o garotinho chama outro menino de sua idade e passam a jogar com a bola.
A senhora, que conhece os pais da criança e sabe da idoneidade do casal, divaga que a criança veio falar com ele para conquistar algum incentivo em ficar com a bola.
Passa mais um tempinho, final de tarde e a senhora vê o garoto levando a bola num saco de plástico.
No outro dia, de manhã, a senhora vê a bola, novamente, na mesma faixa de areia. Os pais, pensa a senhora, devem ter feito o garoto devolver o que não era dele.
E nesta mesma manhã, eu, com meu cãopanheiro Açaí, a cata de algo que meus olhos sintam serem fotografável, coloquei no meu celular a imagem da bola e a divulguei no WhatsAPP e nos grupos de Facebook de Paquetá.
No mesmo dia, final da tarde, numa outra praia de Paquetá, a senhora vem conversar comigo e me conta a história do garotinho e da coincidência dos meus olhos terem selecionado a bola para uma foto.
Bola um tanto murcha pelo que eu vi, mas um símbolo de felicidade para um garotinho, que deve ter aprendido uma lição: mesmo sendo um objeto de felicidade, deveria ficar no mesmo local para que, quem sabe, o dono a encontrasse.