Por Fernando Horta, via João Lopes, Facebook –
Sabemos que a tortura tem efeito devastador sobre as pessoas. Pessoas honestas confessam o que não fizeram, pessoas admitem qualquer narrativa que interesse aos torturadores. Palocci desce ainda mais baixo.
Moro não precisava ouvir nada a respeito dos crimes de Palocci. Ele e já estava condenado pelo que supostamente fez e, mais ainda, pelo que o juiz acha que ele fez. Moro condena com as vísceras. Condena com base no que ele acredita que tenha ocorrido.
É sujo e baixo, não tem racionalidade alguma, não tem sustentação outra que não o “eu acho” dito na terceira pessoa: “o juízo se convenceu”. Moro se acha “o juízo do Brasil”.
Palocci sucumbiu. Não sei que tipo de militância o trotskysta fez em Ribeirão Preto na década de 80 e 90.
O que quer que tenha sido, ficou lá. Palocci ocupou espaços de poder nos últimos anos que o colocaram como interlocutor do governo com a plutocracia. Palocci se tornou sensível ao conforto, ao status e a um estilo de vida emprestado.
A velha armadilha que Lênin, Stalin e tantos outros evitaram com camas pequenas, quartos simples e uma austeridade pessoal inegociável.
A carta de Palocci não podia ser mais falsa. Ela fala de “esforço contra a corrupção”, fala de “família” e fala de “ajudar o Brasil” a se modernizar. Como historiador, desde o positivismo sabemos que é preciso fazer a crítica interna e externa das fontes. Saber se o documento analisado corresponde a época (valores e conhecimento disponíveis), se é de autoria do alegado personagem, se se encaixa no contexto e nos micro processos de poder.
Ninguém pode dar o que não tem. Os valores da carta de Palocci são de alguém muito próximo à TFP (tradição, família e propriedade). A carta não foi redigida por ele. Não se baseia em nenhum valor pessoal que pudesse ser oriundo de um militante de esquerda, classe média desde a década de 70.
A carta é desenhada para servir ilegalmente de “prova” quando a vara de Curitiba cada vez mais tem sua narrativa punitivista percebida como vazia.
Sem provas, sem indícios, Lula segue subindo nas pesquisas e Moro descendo moral e eticamente.
A sina dos traidores é que a História mostra que as moedas de prata estiveram sempre com eles e nunca com quem eles “delatam”.
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