Por Adriana Amaral, jornalista
O Rio de Janeiro continua lindo, mas a beleza extrapola a natureza, pois o lugar é mantido pelo trabalhador carioca. Principalmente aqueles invisibilizados, que se misturam com a paisagem ao cuidarem da manutenção da cidade.
Usando o próprio corpo como ferramenta, em plena Avenida Atlântica, do lado do hotel que é cartão-postal, numa tarde nublada, dois deles não competem com o mar. Olhos atentos, no entanto, podem acompanhar a labuta dos profissionais que remendam o mosaio das calçadas que identificam a cidade.
O bordado se faz delicadamente
Há pelo menos três semanas, Genivaldo e Geraldo recolhem as pedras portuguesas soltas e as recolocam em seus lugares. O objetivo é tapar os buracos que comprometem a segurança, mas também a harmonia do passeio.
As calçadas vão sendo recuperadas com competência de artesãos e artistas. Parece fácil, mas eles se ocupam da tarefa horas a fio, sentados ou inclinados no chão, colocando as pedras uma a uma na massa molhada, fixando-as delicadamente com pequenas batidas, preenchendo as lacunas com areia e depois finalizando com água.
A arte se faz com suor. A beleza se borda com labuta, por equipes de trabalho que cumprem uma missão fundamental. Afinal, o Rio tem de continuar lindo.