Por Gustavo Conde, no Facebook –
Os filhos da classe média brasileira vêm lendo resumos de livros pedidos em vestibular há bons 30 anos – isso quando não fraudam o vestibular pedindo pro papaizinho comprar o gabarito que sempre pode ser encontrado meses antes da aplicação da prova (em Minas, um pai pagou 100 mil pelo gabarito do Enem para dar a vaga na faculdade de medicina de presente à filha).
Pesquise na internet e você vai achar resumos para todos os gostos: Machado de Assis, João Cabral, Ítalo Calvino, Eça de Queirós etc. Poucos leem as obras inteiras, em geral apenas os alunos com menos recursos, que frequentam bibliotecas públicas.
A elite brasileira não lê e não saber ler. Esse é um ponto nodal para se compreender a nossa classe média que pensa que é elite. São péssimos. Quando mais dinheiro um aluno de ensino médio tem, mais dificuldade de leitura ele acusa. Isso é empírico e tenho anotações a respeito de mais de 5 anos de docência, prontinhas para virar… Livro.
Ao contrário do que pensam pedagogos ancorados no século 20, a dificuldade financeira produz um aluno melhor, que dá mais valor ao conhecimento e às práticas leitoras. São muito mais “geniais” que seus colegas abastados, cuja limitação aliás, chega mesmo a comover.
Comidinha na mão nunca foi um bom procedimento pedagógico, familiar ou cidadão. Os famigerados playboys, agroboys e sei-lá-mais-o-quê-boys vêm daí. Em outras palavras: a tutela mata.
Por isso, vem muito a calhar a celeuma em torno da velocidade com que Lula é capaz de ler seus livros na prisão. Até essa humilhação, a classe média terá que consagrar a sua própria sub história: eles não conseguem ler como Lula.
Obs: Título do post é do Bem Blogado