A constrangedora simbiose de Israel com o bolsonarismo

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Sionistas de esquerda se juntam à extrema direita racista

POR LUIZ CARLOS AZENHA, compartilhado da Revista Fórum




A constrangedora simbiose de Israel com o bolsonarismo
Despedida. Pai se despede beijando o pé da filha morta em bombardeio em Gaza. Reprodução de vídeo

“Bombardeando hospitais, campos de refugiados, crianças, idosos indefesos, Israel demonstra o pior da Humanidade. Até quando os líderes europeus nos tornarão cúmplices desta barbárie?”, perguntou a ministra dos Direitos Sociais da Espanha, Ione Belarra, importante liderança do Podemos.

Ela deu apoio à iniciativa do advogado francês Juan Blanco, que pretende denunciar Israel no Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.

Fomos convidados a representar cidadãos com dupla nacionalidade, da Palestina e de países europeus, tanto nas jurisdições nacionais como no Tribunal Penal Internacional

A vice-ministra das Relações Exteriores da Bélgica, Petra De Sutter, pregou sanções contra Tel Aviv:

É hora de sanções contra Israel. A chuva de bombas é desumana. É claro que Israel não se importa com as exigências internacionais por um cessar-fogo

A agressiva “diplomacia” de Israel não tem limites, nem constrangimento. Já acusou o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de apoiar “terroristas”. Fez o mesmo com as várias divisões das Nações Unidas que prestam ajuda humanitária em Gaza, alegando que elas acobertam o Hamas.

Pediu a renúncia do secretário geral da ONU, António Guterres, que acertadamente pontuou que o ataque do Hamas a Israel não aconteceu no vácuo. Sim, houve História antes do 7 de outubro, o que não significa endossar a barbárie.

A influência do “kahanismo” no governo de Benjamin Netanyahu é óbvia.

Ela se personifica nos ministros Bezalel Smotrich, Ben Gvir e Amichai Eliyahu, aquele que sugeriu “metaforicamente” atirar uma bomba atômica em Gaza e não foi demitido, mas “suspenso”.

São todos discípulos do rabino Meir Kahane, que pregava uma Israel do Mediterrâneo às margens do rio Eufrates, no Iraque.

Uma Grande Israel onde, obviamente, não cabem 7 milhões de palestinos — sem contar outros 8 milhões de exilados.

O governo de Netanyahu é fortemente influenciado por “um projeto de supremacia judaica conservadora, de direita, racista e religiosa” — não são palavras de algum radical de esquerda, mas do diário israelense Haaretz.

As ações da diplomacia de Israel no Brasil, em simbiose com o bolsonarismo, fazem todo sentido.

Estão diretamente conectadas a um país que está se isolando no cenário internacional e, ao mesmo tempo — nas palavras do Haaretz — comunga de ideias supremacistas equivalentes às do regime racista da África do Sul.

A manifestação do chamado “Coletivo Judias e Judeus de Esquerda” contra a presença do padre Júlio Lancelotti em uma manifestação pró-Palestina em São Paulo expõe esta bizarra aliança entre gente que se diz de esquerda, o bolsonarismo e um governo de extrema-direita com tinturas supremacistas.

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