A Democracia é inegociável! Fora Temer! Volta, Querida!

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Publicado por Jornalistas Livres – 

A mídia independente, Jornalistas Livres incluídos, e os órgãos mais prestigiosos da imprensa internacional recusaram-se a fazer coro à mentira de que sucedera um “impeachment constitucional”.

Manifestação contra o golpe na Praça da Sé, em 31 de março de 2016. Foto: Ricardo Stuckert, para o Jornalistas Livres.
Manifestação contra o golpe na Praça da Sé, em 31 de março de 2016. Foto: Ricardo Stuckert, para o Jornalistas Livres.
Eleita por 54 milhões de votos em 2014, a maioria do povo brasileiro, a presidenta Dilma Rousseff encontra-se afastada do cargo por um golpe que envolveu amplamente a burguesia rentista, os setores da mídia oligopolizada e o aparato jurídico nacional.

Incapazes de vencer nas urnas, defensores que são de um projeto político que em tudo e por tudo é hostil à classe trabalhadora e aos interesses nacionais, esses setores montaram sua armadilha fatal à Democracia nas eleições de 2014. Se, por um lado amargaram a derrota na disputa pelo principal mandato da República, lograram conquistar vasta maioria de deputados naquela que se tornou a campanha eleitoral mais cara da história do Parlamento brasileiro.




Em vez do debate de ideias e propostas, o que se viu na disputa para deputados foi a força da grana, do poder econômico, da bufunfa, operando no sistema político. Com honrosas exceções, as quais homenageamos por sua coerência e integridade de propósitos, elegeram-se centenas de representantes do empresariado, do agronegócio, dos lobbies, das igrejas evangélicas mais ricas. É o que se convencionou chamar de bancada BBB (do Boi, da Bíblia e da Bala, numa referência às representações do agronegócio, das igrejas e do lobby das polícias e da indústria de armas).

No fatídico ano de 2013, quando aconteceram as imensas Jornadas de Luta, que se iniciaram pela exigência de congelamento das tarifas de ônibus, levantou-se um clamor nacional pela Reforma Política. Estava claro que a representação política –desde a mais humilde câmara municipal, até o Senado da República—havia deixado de representar a maioria do povo. Necessário era enfrentar o desafio de construir uma nova ordem política, que aprofundasse a Democracia, que desse voz ativa às reivindicações da maioria dos brasileiros.

Não foi o que aconteceu.

Em vez disso, mais uma vez (como é tradição no país), tentou-se uma acomodação pela cúpula. E se deixou para lá a reforma política.

Em 2014 veio a fatura.

Nas eleições presidenciais, chamado a escolher entre um programa de aprofundamento das conquistas sociais e o neoliberalismo mais anti-povo de Aécio Neves (PSDB), o resultado foi a vitória de Dilma Rousseff por estreita, mas legítima, margem de votos.

No Congresso, entretanto, o veneno corria solto. E foi o Congresso que golpeou a Democracia, apeando a presidenta eleita, pessoa honesta e honrada, sem que nenhuma acusação contra ela se sustente em pé, e elegendo como sucessor o traidor Michel Temer.

O golpe de Estado jurídico-empresarial-midiático foi dado porque a plutocracia brasileira sabe que não passa pelo crivo das urnas o retorno radical de políticas privatizantes, redutoras de direitos trabalhistas e sociais, bem como o agravamento da recessão e do desemprego.

A mídia independente, Jornalistas Livres incluídos, e os órgãos mais prestigiosos da imprensa internacional recusaram-se a fazer coro à mentira de que sucedera um “impeachment constitucional”. Em vez disso, apontaram as falhas processuais, a ausência de provas, a seletividade das acusações (contra o PT e os movimentos sociais), a manipulação midiática da Globo, Folha, Veja e demais veículos.

O resultado é um golpe de Estado ao qual faltam mínimos requisitos de legitimidade. O governo Temer está sitiado no palácio, alvejado diariamente por denúncias de corrupção. Artistas, mulheres, comunidade LGBTTT, negros, sindicatos, estudantes e a classe trabalhadora em geral recusam-se a lhe conceder um cheque em branco.

Ao povo brasileiro repugnam Judas e Joaquim Silvério dos Reis. Traidores não têm perdão.

É neste contexto que surge a proposta de um plebiscito para decidir o futuro do país, patrocinada por uma parte da esquerda brasileira, que acredita na possibilidade de “ganhar” aliados abrindo mão do princípio mais sagrado da Luta Democrática, que é o respeito ao voto.

Segundo essa proposta, “o povo deve decidir” ou “dar a última palavra”.

Ora, o povo já deu a “última palavra” quando elegeu a presidenta Dilma Rousseff e seu programa. Se a bancada BBB não acatou uma eleição presidencial, porque acataria o resultado de um plebiscito que contrarie seus interesses?

O momento é de fazer valer a decisão soberana do povo que elegeu Dilma.

O momento é de exigir dos golpistas o respeito à decisão popular. O resto é a velha prática de fazer os acordos pela cúpula e chamar os aplausos da claque, para legitimar o acordão.

Foi assim com a abolição da escravidão, perpetuando as senzalinhas dentro dos apartamentos da classe média. Foi assim com a anistia da Ditadura Militar, que nunca puniu os torturadores e assassinos, e permitiu a perpetuação de seus métodos nas ações das polícias de todo o país. Foi assim com a terrível reedição até nossos dias do genocídio dos povos tradicionais do Brasil. Chega.

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