A depressão pessoal e a depressão econômica

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Por Enio Squeff – 

Não deve ser por pouco que os brasileiros, segundo uma pesquisa, estão entre os povos mais deprimidos do mundo. Dos que contribuíram e acenderam velas de gratidão pela queda da Dilma, não se pode subestimar a decepção. Mas nada de arrependimento público. Mark Twain dizia que é mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que foram enganadas.




Desses – os enganados – mas principalmente os ex-comunistas que transformaram sua razzia contra o PT num mantra mais forte do que sua antiga luta contra o capitalismo – o engodo lhes dói como uma indigestão constante: nada os impedirá, porém, de agora, mudos, não fazerem qualquer ato de contrição. Foram longe demais para voltar atrás. Se um dia foram de esquerda, hoje se benzem a qualquer dúvida de que o sejam. Os demais, os coxinhas (expressiva denominação essa) vão continuar a dizer que Lula é o homem mais rico do Brasil (quem sabe do Universo)l. Não precisam de provas; basta-lhes a sua fé. São os catecúmenos do ódio e Dallagnol é seu profeta.

Haja depressão, portanto. Mas nem só a “sem razão” os afeta em sua má consciência. Tome-se o caso da Hebraica do Rio que convidou Jair Bolsonaro para uma conferência. Dos judeus pode-se dizer muita coisa – não que sejam os judeus que Hitler mandou trucidar. Neste sentido, judeus são uma ficção. Ou seja, não estão isentos nem da inteligência nem da estultice. São gente como qualquer um de nós, ou até como Bibi, o mandatário israelense que odeia os palestinos, porque são palestinos.

Disse-o bem uma moça, pelo jeito, sócia da Hebraica, que quis protestar, inutilmente contra a presença do ex-capitão numa casa, onde, em teoria um tipo como Bolsonara é sobretudo um acinte. Contra os próprios judeus. E Bolsonaro foi inteiramente o que é: declarou aos berros que os quilombolas são uns inúteis, execrou os índios – prometeu acabar com as suas reservas – e avisou que faria o serviço que a ditadura não chegou concluiu. Se eleito, mataria uns 30 mil opositores, incluído aí, evidentemente, alguns – talvez nem tão poucos – possíveis judeus.

Está aí uma incógnita – por que não alguns milhões, ou, 30 milhões? Na “solução final” de Hitler, foram seis milhões. De judeus, tirante os russos e os ciganos. Como seria por aqui, é uma boa pergunta.

Mas a depressão não é só por haverem judeus que apóiam um nazifascista. No Brasil há juízes que não cumprem as leis, sem que ninguém lhes tolham seus atos, há políticos que gostariam de eliminar os pobres – o pais ficaria livre de um problema, ainda que fosse difícil eliminar de vez algo em torno de 13 milhões de desempregados (e que, portanto, brevemente serão incluídos entre os “elimináveis”) – Câmaras de gás, quem sabe? E há quem julgue ser possível extinguir inclusive o pessoal que anda meio deprimido –  por causa dos políticos.

Ora, nada disso seria sequer cogitável se não tivesse havido um golpe. Ops – mas aí já é falar demais. Então dê-lhe depressão – inclusive a econômica: ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

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