A dimensão histórica do lançamento da campanha de Lula e Alckmin

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Compartilhado da Redação do PT Nacional

Foto de Ricardo Stuckert

Uma festa de dimensões históricas, como as manifestações das Diretas Já e a campanha de 1989, o lançamento do movimento “Vamos Juntos pelo Brasil”, neste sábado (7), inaugurou o caminho de reconstrução e do restabelecimento da democracia no país. Realizado em São Paulo, o ato contou com discursos do ex-presidente Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin, além da presença de lideranças do PT, PSB, PCdoB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede, centrais sindicais, movimentos sociais, artistas e outras lideranças. No evento, Lula enfatizou a importância da recuperação da cidadania e da dignidade do povo brasileiro, roubadas por um governo golpista e socialmente insensível.




A principal virtude que um bom governante precisa ter é a capacidade de viver em sintonia com as aspirações e os sentimentos das pessoas, especialmente das que mais precisam”, falou Lula, no início de seu discurso.

Lula lembrou do árduo caminho que percorreu até chegar a Presidência em 2003 e de seu compromisso em acabar com a fome, uma chaga que havia sido vencida nos governos do PT e hoje voltou a humilhar o povo humilde do país.

“Em 2003, quando tomei posse como presidente da República, eu disse que se, ao final do meu mandato, todos os brasileiros tivessem pelo menos a possibilidade de tomar café da manhã, almoçar e jantar, eu teria cumprido a missão da minha vida”, lembrou Lula. “Travamos contra a fome a maior de todas as batalhas, e vencemos. Mas hoje sei que preciso cumprir novamente a mesma missão”.

“Tudo o que fizemos e o povo brasileiro conquistou está sendo destruído pelo atual governo”, lamentou. “O Brasil voltou ao Mapa da Fome da ONU, de onde havíamos saído em 2014, pela primeira vez na história. É terrível, mas não vamos desistir, nem eu nem o nosso povo. Quem tem uma causa jamais pode desistir da luta”, prometeu Lula. 

Resgate da soberania

Lula ressaltou que é preciso restaurar ao Brasil e ao povo brasileiro a soberania, hoje esfacelada pelo bolsonarismo. Para o ex-presidente, a soberania se manifesta em muitas dimensões da vida nacional e do Estado brasileiro. “Defender a soberania não se resume à importantíssima missão de resguardar nossas fronteiras terrestres e marítimas e nosso espaço aéreo”, salientou Lula.

“É também defender nossas riquezas minerais, nossas florestas, nossos rios, nossos mares, nossa biodiversidade”, enumerou. “É defender o direito à alimentação de qualidade, o bom emprego, o salário justo, os direitos trabalhistas, o acesso à saúde e à educação. Defender nossa soberania é também recuperar a política altiva e ativa que elevou o Brasil à condição de protagonista no cenário internacional”, apontou Lula.

Petrobras e desmonte

Lula destacou ainda que não haverá resgate da soberania sem a defesa do patrimônio do povo brasileiro, como a Petrobras e a Eletrobras. “Nós precisamos fazer com que a Petrobras volte a ser uma grande empresa nacional, uma das maiores do mundo”, defendeu. “Colocá-la de novo a serviço do povo brasileiro e não dos grandes acionistas estrangeiros. Fazer outra vez do Pré-Sal o nosso passaporte para o futuro, financiando a saúde, a educação e a ciência”.

“Defender a nossa soberania é defender também a Eletrobrás daqueles que querem o Brasil eternamente submisso”, argumentou Lula. “A Eletrobrás é a maior empresa de geração de energia da América Latina, responsável por quase 40% da energia consumida no Brasil. Foi construída ao longo de décadas, com o suor e a inteligência de gerações de brasileiros. Mas o atual governo faz de tudo para entregá-la a toque de caixa e a preço de banana”, denunciou. 

Lula denunciou a estratégia de destruição do Estado nacional por meio do esgotamento do investimento público em todas as áreas, sobretudo em infraestrutura. “O atual governo não cuida da infraestrutura que este país precisa”, disse.  “Paralisaram obras importante que estavam em andamento. Tentam se apropriar de outras que receberam praticamente concluídas”, afirmou, citando a Transposição do São Francisco.

Vida digna e combate à fome

Lula destacou ainda a importância dos bancos públicos na geração de empregos dignos ao povo brasileiro, com a oferta de crédito barato, o financiamento de obras de saneamento e construção de moradia e o apoio ao pequeno agricultor, como feito nos governos do PT. 

A dignidade do povo passa fundamentalmente pela educação, frisou. “Porque um país que não produz conhecimento, que persegue seus professores e pesquisadores, que corta bolsas de pesquisa e reduz os investimentos em ciência e tecnologia está condenado ao atraso”, alertou Lula. “Nos nossos governos, nós mais que triplicamos os recursos direcionados para o CNPq, a Capes e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Eles saltaram de R$ 4 bilhões e 500 milhões em 2002, para R$ 13 bilhões e 970 milhões em 2015”.

Lula apontou ainda que não haverá soberania “enquanto 116 milhões de brasileiros sofrerem algum tipo de insegurança alimentar”, enquanto 19 milhões de homens, mulheres e crianças forem dormir todas as noites com fome, sem saber se terão um pedaço de pão para comer no dia seguinte”.

“Não haverá soberania enquanto dezenas de milhões de trabalhadores continuarem submetidos ao desemprego, à precarização e ao desalento. Nós fomos capazes de gerar mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada e todos os direitos garantidos”, observou. “Enquanto eles destruíram direitos trabalhistas e geraram mais desemprego”.

Papel do SUS

Lula destacou o papel fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS) no  atendimento aos brasileiros. Infelizmente, lembrou o ex-presidente, a saúde foi abandonada por Bolsonaro. “Hoje faltam investimentos, profissionais de saúde e medicamentos. Sobram doenças e mortes que poderiam ser evitadas”, opinou.

“Não fossem o SUS e os corajosos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, a irresponsabilidade do atual governo nessa pandemia teria custado ainda mais vidas”, relatou.   

Lula destacou as políticas dos governos do PT para a saúde: “Criamos o Samu, o Farmácia Popular, as UPAs 24 horas. Fizemos o Mais Médicos, e levamos profissionais da saúde às periferias das grandes cidades e às regiões mais remotas do Brasil. Nós praticamente dobramos o orçamento da saúde, que passou de R$ 64 bilhões e 800 milhões em 2003 para R$ 120 bilhões e 400 milhões em 2015”.

Alckmin na aliança para o futuro

No evento, o petista conclamou os brasileiros a retomarem o caminho de volta para o futuro, um caminho de crescimento, progresso e cidadania. “É para conduzir o Brasil de volta para o futuro, nos trilhos da soberania, do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social, da democracia e do respeito ao meio ambiente, que precisamos voltar a governar este país”, definiu.

Ele citou Paulo Freire para festejar a aliança com Geraldo Alckmin em torno de um projeto de reconstrução nacional. “Dizia o nosso querido Paulo Freire: “É preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos”. Sim, queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos”, pediu Lula. “Este é o sentido da união de forças progressistas e democráticas formada pelo PT, PC do B, PV, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade”, celebrou.

“Tenho o orgulho de contar com o companheiro Geraldo Alckmin nessa nova jornada. Alckmin foi governador enquanto eu era presidente. Somos de partidos diferentes, fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia”, elogiou. “Tive em Alckmin um adversário leal. E estou feliz por tê-lo agora na condição de aliado, um companheiro cuja lealdade sei que jamais faltará – nem a mim nem ao Brasil”.

“Nós queremos governar para trazer de volta o modelo de crescimento econômico com inclusão social que fez o Brasil progredir de modo acelerado e tirou 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza”, conclamou Lula. “Nós temos um sonho. Somos movidos a esperança. E não há força maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz”, disse.

“Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, todas as religiões, todas as raças, todas as regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania”, concluiu. 

Alckmin: “A solução virá com Lula

Diagnosticado com Covid-19, o ex-governador Geraldo Alckmin fez um discurso de casa, exibido ao vivo, por telão. Ele reforçou a necessidade de uma ampla aliança para o país derrotar ameaças contra a democracia e restabelecer o desenvolvimento com justiça social.

“Há momentos, em que antes de uma aliança, determinar a sua missão é a própria missão que determina a sua aliança”, discursou Alckmin.  “É o que vemos acontecer aqui hoje entre PT, PSB, Solidariedade, Rede, PV, PCdoB, PSOL, valorosíssimas  lideranças políticas das mais diversas convicções ideológicas, que aqui comparecem, patriótica e corajosamente, independente da presença institucional de seus próprios partidos, para dar ainda mais força e representatividade à nossa união, no cumprimento da nossa missão”. 

Segundo o ex-governador, o futuro do Brasil está em jogo. “Quando a ignorância se une à mentira como estratégia política para demonizar eleições livres e aviltar a democracia, nós não devemos vacilar. O caminho é com Lula. Quando brasileiros são relegados à própria sorte, em meio às mazelas de uma pandemia letal, não devemos aceitar, vamos reponder com Lula. Quando as injustiças sociais, graças à omissão do governo, e a pobreza, a miséria e a fome assumem dimensões vergonhosas e intoleráveis, não podemos hesitar. A solução virá com Lula”.

Com Lula, insistiu Alckmin, o Brasil mudará os termos do debate político em torno dos temas mais relevantes da vida nacional. “Vamos provar que não há incompatibilidade entre a prosperidade individual e uma sociedade solidária. Vamos provar que a eficiência econômica e a justiça social não são coisas opostas”, concluiu. 

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