Se a Venezuela cair nas mãos da ultradireita, haverá uma ampliação do terremoto Milei. E um fortalecimento da ultradireita em todo continente
Por Luis Nassif, compartilhado de GGN
Há uma discussão infindável e inócua sobre a Venezuela, especialmente nos grupos de esquerda. Ficam discutindo sobre vícios e virtudes do governo Maduro, quando o buraco é muito mais embaixo: qual o papel da Venezuela na estratégia geopolítica do Brasil para o continente.
Críticos e admiradores, olhai os Estados Unidos e sua geopolítica. Não se julgam países por suas virtudes ou defeitos, mas por seu papel na estratégia geopolítica nacional. Não fosse por isso, não teriam apoiado os massacres de Netanyahu – um psicopata que é defendido, no Brasil, pela Conib e pela Federação Israelita de São Paulo, com o mesmo empenho com que setores liberais da Alemanha Nazista defenderam o início de Hitler. E há muito tempo teriam levantado o boicote à Cuba e à própria Venezuela.
O que está em jogo é a posição do Brasil na América do Sul, no BRICS e no realinhamento geopolítico com a China. Se a Venezuela cair nas mãos da ultradireita, haverá uma ampliação do terremoto Milei. E um fortalecimento da ultradireita em todo continente, inclusive no Brasil. É simples assim.
Mas que isso, fica sancionado o poder de retaliação dos Estados Unidos, que mantém a economia da Venezuela sob mais de 90 sanções. Antes desse boicote, a Venezuela acumulava o maior superávit da balança comercial brasileira.
O que está em jogo é isso, não os defeitos e virtudes de Maduro, um autocrata da pior espécie. Não há lógica em defender ou criticar virtudes e defeitos de Maduro, que não pode servir de exemplo para nenhum partido da esquerda democrática. Muito menos sancionar o golpe que a ultradireita vem tentando há anos.
Quando defende o processo eleitoral, mas não defende Maduro, Lula está agindo como age um Departamento de Estado. Interessa ao Brasil que a Venezuela não seja entregue à ultradireita. Simples assim.
Parafraseando um dito caipira, entre “nho ruim” e “nhô pior”, que se fique com “nhô ruim”.