Maiara Muraro, Emes de Mulher, Bem Blogado –
Eu acho lindo abrir um Instagram e ver uma imagem mais bonita que a outra.
Acho lindo abrir uma página e ver um pôr do sol mais perfeito que outro, uma viagem mais prazerosa, a declaração de amor dos sonhos.
É a utopia fotográfica que traz esperança para os olhos.
Será que traz de verdade?
A era da tecnologia transformou o real em hipotético. Transmitimos aos outros aquilo que somos ou aquilo que gostaríamos de ser
A era da edição e correção.
Os olhos claros, as gorduras ocultas, os seios mais em pé, os dentes esbranquiçados, os registros dos momentos de alegria, o retrato dos lugares mágicos.
Parece até uma competição de quem tem o “álbum da vida” mais perfeito que o outro.
Olha o que nos tornamos? A geração do conhecimento se transformando na geração da hipocrisia.
Sim, você chora e não tem problema nenhum mostrar isso aos outros.
Tenho certeza que no seu dia a dia você também sofre de raiva ou quer matar seu chefe.
Que você briga com seus filhos, que se sente mal com seu corpo, que visita lugares que não acha tão bonitos ou interessantes assim.
Tenho certeza que você pega chuva e chega todo encharcado em casa, que perde o ônibus, que janta pão com mortadela, que faz faxina no banheiro e que acorda com o cabelo em pé e remelas nos olhos.
Mas por que você não mostra isso? Porque mostramos aos outros um mundo utópico?
Nos tornamos a geração das informações ocultas. A geração das amizades virtuais, dos sexos virtuais, dos carinhos virtuais.
Sabe aquela vez que você entrou na página de alguém e se sentiu péssimo? Que pensou: a vida dessa pessoa é tão perfeita, porque acontece tudo de errado comigo?
Fica tranquilo, o problema não está com a sua vida. E também não está na vida do outro.
O problema é que estamos alimentando o pior de nós, estamos instigando no outro que somos perfeitos, enquanto somos apenas humanos.
