Duas conclusões imediatas depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral de poupar o mandato de senador de Sergio Moro, com uma goleada de sete votos a zero. Votaram contra a cassação o relator, Floriano de Azevedo, e os ministros André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques, Raul Araújo, Isabel Gallotti e Alexandre de Moraes.
Por Moisés Mendes*, em seu Blog, compartilhado de Pragmatismo Político
Eis a primeira conclusão: não foi desta vez que o sistema de Justiça se encorajou a ponto de pegar um manezão do esquema armado desde a Lava-Jato contra as esquerdas e que resultou na cassação de Dilma Rousseff e no encarceramento de Lula. Só tem manezinho condenado.
Segundo: a espada que estava dependurada sobre a cabeça de Moro é transferida para a cabeça do senador de extrema direita Jorge Seif, do PL de Santa Catarina.
Porque seria demais para o TSE cassar dois senadores. Mas será demais se absolver os dois. Será uma demonstração descarada de que o Judiciário se acovardou e teme retaliações do Senado, incluindo o impeachment de Alexandre de Moraes. Mesmo que os dois casos estejam no âmbito da Justiça Eleitoral.
Jorge Seif está em licença médica no Senado, e seu caso, também em recurso no TSE, será julgado depois de nova coleta de provas sobre o uso de aeronaves do véio da Havan na campanha ao Senado em 2022.
Não há data para a retomada do julgamento do recurso, suspenso em abril. O bolsonarista foi absolvido no TRE de Santa Catarina da mesma acusação de abuso de poder econômico, que tem como pivô o empresário milionário.
Seif tem o costume de se descontrolar e chorar. Já pode preparar o próximo choro. No cenário de hoje, seria improvável que viesse a ser poupado. E somente será se o julgamento se arrastar por muito tempo.
Foi o tempo, sempre ele, que favoreceu Sergio Moro e pode favorecer muitos dos acusados de crimes graves até agora impunes. O tempo poderá poupar golpistas, muambeiros e falsificadores de cartões de vacinação. Todos manezões.
E o que será de Sergio Moro a partir de agora? Deve virar um cordeirinho da extrema direita, para não se indispor com ex-colegas da magistratura e para fazer reverências às altas Cortes.
Até porque o ex-juiz ainda será submetido a julgamento no Conselho Nacional de Justiça pelos desmandos cometidos na Lava-Jato. Sergio Moro pode virar um Aécio Neves.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim).