Por Fernanda Becker, publicado em El Pais –
Majoritários, usuários da rede pró-paralisação acabaram promovendo campanha contrária
Busca por termo “greve” no Google nos últimos dias releva que a movimento “pegou”
Na véspera da greve geral, uma hashtag contrária à paralisação virou um dos assuntos mais comentados do Twitter mundial. Por algumas horas na tarde desta quinta-feira, as palavras #grevenao foram repetidas por 13.564 perfis até 16h. À primeira vista, parece um sinal inconteste da força do movimento que critica a greve geral, mas uma análise mais cuidadosa dos dados mostra exatamente contrário: foram os usuários pró-greve, críticos da hashtag e majoritários, que levaram o termo aos trend topics.
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A fotografia da movimentação no Twitter aparece em levantamento feito, a pedido do EL PAÍS, pela InterAgentes, uma empresa especializada em análise de redes sociais. A rede de retuítes formada a partir da #grevenão se divide em duas aglomerações principais e, curiosamente, a maior delas, destacada na imagem em laranja, é composta por perfis que tuitaram mensagens favoráveis à greve. Na ânsia de combater seus oponentes, o grupo de usuários pró-greve, reuniram duas vezes mais gente para atacar a hashtag: concentrou 8.717 perfis ou 64,523% de todos que se envolveram com o tema. Na comparação, os promotores originais do slogan #grevenão, que inclui o perfil oficial do vereador Fernando Holiday, reuniu apenas 4.153 perfis, ou 30,6% do total.
Buscas no Google

Se no Twitter a guerra sobre a paralisação opõe engajados dos dos dois lados, os dados do buscador Google mostram que tema greve entrou no radar dos internautas há vários dias e realmente pegou, independentemente da disputa política. A busca pelo termo, contabilizada pela ferramenta Google Trends, mostra crescimento do interesse. Uma análise das buscas nos últimos 7 dias mostra um acentuado aumento das buscas por “greve” desde a manhã do dia 25 de abril.
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Na paralisação de 15 de março o movimento foi diferente. Houve uma subida radical do interesse apenas um dia antes da paralisação do greve do mês passado, o que sugere que a população foi surpreendida pela mobilização, sendo levada a buscar informações, principalmente sobre os serviços afetados, na véspera.