No discurso realizado no Congresso, dia 1°, presidente fez referência direta a um fato, olhando para o Augusto Aras, que pode acabar com os direitos políticos de muita gente
Por Henrique Rodrigues, compartilhado da Revista Fórum
Assombrados com a perda do poder, bolsonaristas (e o próprio Jair Bolsonaro) andam muito preocupados com os rumos que as coisas devem tomar a partir da chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. O império da impunidade e os crimes mais grotescos cometidos à luz do dia, que por determinação do ex-presidente eram jogados para baixo do tapete, sob os auspícios dos órgãos de controle e fiscalização, totalmente aparelhados por ele, estão com os dias contados e tudo, certamente, virá à tona agora.
Durante seu discurso de posse no Congresso Nacional, em 1° de janeiro, pouco antes de se dirigir ao parlatório do Palácio do Planalto e de receber a faixa presidencial, Lula falou das mortes pela Covid-19 no Brasil e, num gesto que foi interpretado como uma indireta ao procurador-geral da República, Augusto Aras, deixou claro que todos os absurdos cometidos por Bolsonaro e seus pares durante a pandemia serão desenterrados e levados à Justiça.
“Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, proclamou o novo presidente.
No bolsonarismo, a fala caiu como uma bomba, já que todos entenderam que Lula abrirá a caixa-preta do genocídio sanitário e que as ações e omissões não serão ignoradas pelo futuro PGR, diferentemente do que fez Aras, que numa dobradinha infame permitiu que os criminosos seguissem impunes, repetindo suas teses e práticas assassinas.
Figuras centrais do bolsonarismo, como o agora deputado eleito Eduardo Pazuello, general que foi ministro da Saúde, assim como outros integrantes expressivos do bando de extrema direita, muitos deles parlamentares, estariam na mira dos processos judiciais que vêm por aí, da mesma forma que o próprio Jair Bolsonaro, o que pode levar todos a condenações que suspendam seus direitos políticos.