Por Altamiro Borges, Blog do Miro –
Foi eleito para presidi-la o deputado Marcos Zerbini, um tucano famoso pelo servilismo diante de Geraldo Alckmin. Dos nove membros da CPI, oito pertencem à tropa de choque do governador. O PSDB, que nunca caiu na conversa fiada do tal “republicanismo”, sequer permitiu que o único deputado da oposição, o petista Alencar Santana Braga, fizesse parte do colegiado. Os secundaristas, que ocuparam as escolas e a própria Alesp, reagiram à patética encenação. Diante dos protestos, Marcos Zerbini encerrou intempestivamente a sessão e informou que utilizaria a prerrogativa regimental para indicar o relator da matéria. Ou seja: tudo indica que a “investigação” não vai dar em nada, que a máfia da merenda não será punida e que o “picolé de chuchu” seguirá incólume.
Apesar do início lastimável, os secundaristas prometem manter a pressão e a bancada da oposição, composta por PT e PCdoB, já anunciou que reforçará as investigações. Na sessão desta semana, os petistas apresentaram requerimento pedindo a convocação de Fernando Capez e de assessores de Geraldo Alckmin – como Fernando Padula, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação, e Luiz Roberto Santos, o Moita, ex-chefe do gabinete da Casa Civil. Estes e outros tucanos aparecem nas gravações colhidas pela Operação Alba Branca, do Ministério Público e Polícia Civil, sobre a máfia da merenda. Marcos Zerbini, porém, rejeitou o requerimento. A bancada da oposição pretende insistir nestas convocações e já estuda ingressar na Justiça para ampliar a sua participação na CPI.
Para quem já não se lembra do caso da máfia da merenda – até porque a mídia chapa-branca evita dar destaque para o assunto –, a Operação Alba Branca foi deflagrada em janeiro deste ano. Ela tinha como foco a Coaf, uma cooperativa agrícola acusada de superfaturar o preço dos produtos da merenda escolar vendidos ao governo estadual e a 22 prefeituras de São Paulo. No curso das investigações, a Polícia Civil descobriu o envolvimento de vários políticos do PSDB – inclusive do presidente da Alesp. Em sua delação premiada, o lobista Marcel Ferreira deu detalhes sobre a participação de Fernando Capez, do seu filho e de vários integrantes do governo de Geraldo Alckmin. Eles teriam recebido propinas em contratos que somaram mais de R$ 32 milhões.
Os estudantes secundaristas, que no ano passado deram uma aula de cidadania ao ocupar dezenas de escolas contra o projeto de reestruturação do ensino de Geraldo Alckmin, passaram a exigir a punição dos corruptos da máfia da merenda. A torcida organizada do Corinthians, “Gaviões da Fiel”, também levou o assunto para os estádios de futebol. Após vários protestos de rua e da ocupação do plenário da Alesp, em maio último, os deputados governistas se viram obrigados a aceitar a criação da CPI. Agora, porém, eles manobram para transformá-la numa farsa. Daí a importância da intensa pressão da sociedade. Para ajudar neste esforço reproduzo abaixo o nome dos integrantes da comissão de inquérito. Não custa pressioná-los e denunciá-los:
– Marcos Zerbini (titular), Orlando Morando (suplente) – PSDB
– Barros Munhoz (titular), Carlão Pignatari (suplente) – PSDB
– Estevam Galvão (titular), Cezinha de Madureira (suplente) – DEM
– Adilson Rossi (titular), Caio França (suplente) – PSB
– Jorge Caruso (titular), Jooji Hato (suplente) – PMDB
– Gilmaci Santos (titular), Wellington Moura (suplente) – PRB
– Coronel Camilo (titular), Marta Costa (suplente) – PSD
– Delegado Olim (titular), Antonio Salim Curiati (suplente) – PP
– Alencar Santana (titular), Luiz Turco (suplente) – PT