A guerra não vai longe

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Ulisses Capozzoli, jornalista, texto extraído do Facebook

Não tenho bola de cristal nem sou adivinho. Mas aposto todas as minhas moedas que o confronto Rússia/Ucrânia será resolvido, no máximo, até o final deste mês. Por que? Porque interesses globais, incluindo, obviamente, os dos Estados Unidos estão sendo afetados e isso fará com que as hostilidades cessem em busca de uma nova normalidade.




Os americanos, apertando a garganta dos europeus para agirem sobre a Rússia, no interesse exclusivo deles (os americanos) criaram a versão de que a ofensiva econômica (o boicote aos produtos russos, excluídos, obviamente petróleo e gás) colocaria a Rússia de joelhos.

Tem um custo, óbvio, tudo tem um custo em casos como este, mas não o que foi divulgado. A Rússia se preparou econômica e militarmente para esse enfrentamento. Putin sabe/sabia, que se não pusesse fim ao alastramento da OTAN estaria assinando a sentença de morte da Rússia e os russos, a história demonstra, não são de se dobrarem com facilidade. A sanguinária Batalha de Stalingrado (é preciso escrever em maiúsculo o nome dessa brutalidade) é apenas uma evidência disso.

Se o confronto, criado pelos Estados Unidos na tentativa (frustrada) de manutenção de seu monopólio de poder político/militar não estivesse custando a eles próprios, por que, tão rapidamente, voltaram a dialogar, como se fossem velhos amigos, com o Iran e a Venezuela, que demonizaram à exaustão nos últimos tempos?

Há um custo econômico e, claro, um custo político que começa a aparecer com clareza e que tende a ser atribuído a eles, americanos, com ressentimentos e desarmonia que não valem a pena serem alimentados e isso inclui especialmente a Europa. A Europa que, juntamente com os Estados Unidos, tende a se enxergar no espelho como a parcela “civilizada” do planeta, com o restante da humanidade considerada bárbara/primitiva. O racismo e o preconceito mais rudimentar caminhando de mãos dadas.

O rei Leopoldo II, da Bélgica, não argumentou que dava, digamos, uma espécie de assistência social ao antigo Congo Belga, a atual República Democrático do Congo? E o que ele fez, de fato? Amputou mãos, braços, pés e pernas de uma multidão de miseráveis para fazer prevalecer uma ordem inominável, perversidade que mesmo em relação à barbárie convencional é absolutamente chocante.

Neste caso é preciso invocar ainda a chamada Guerra do Ópio (1839-1860), que a Inglaterra deflagrou na China na tentativa de fazer prevalecer seus brutais interesses coloniais. Encharcaram a China de ópio. Tentaram dopar uma nação inteira para torná-la mansa aos seus interesses mais mesquinhos.

O colonialismo, que nunca cessou, agora veste o figurino do neocolonialismo com a exploração desumana e o preconceito/intolerância repugnante com que sempre andou de mãos dadas.

No país idiotizado em que o Brasil se transformou há um “inconformismo” com o que chamam de “invasão indevida da Ucrânia” com imbecis de todas as tonalidades se declarando “contrário à guerra”.

É de se perguntar, num caso como este, quem é favorável a guerras em sã consciência, levando em conta que guerras são atos brutais de atentado contra o mais elementar dos direitos humanos?

Não perguntam, mas respondem e nisso são alimentados com a ração ordinária servida pela mídia conivente com a ordem internacional perversa, tanto por interesse no butim, o produto do saque, quanto pela profunda alienação, na visão de mundo desprovida de causa e efeito mais elementares. 

Por esses tristes trópicos, primeiro se duvidou que a guerra eclodisse, por incapacidade de ligar os fatos entre si, o que foi um enorme engano. Agora se fala dela como se fosse o Armagedon, a versão bíblica de uma batalha final de Deus contra uma sociedade humana degenerada envolvendo numerosos exércitos de todas as nações.

Nossas sábias avós já diziam, em meio a um sorriso maroto, que “quem tem fiofó tem medo”, articulação de uma filosofia doméstica para dar sentido ao que parece provir de instâncias do incompreensível. Mas a tendência é o contrário disso. Os Estados Unidos sentiram o pulso das forças, o que inclui o quase indecifrável posicionamento da China, ela também, disposta a pôr fim à polarização americana que não lhe convém e este é um capítulo que também terá desdobramentos, por ora imprevisíveis.

Ao paspalho presidente da Ucrânia, o circense e licencioso Valodymyr Zelensky, será oferecido um exílio confortável em um dos muitos pontos aprazíveis deste planeta e a história estará concluída. Ao menos por enquanto.

Se essas considerações não se concretizarem, por falta de sustentação lógica, no máximo perco as moedas que apostei. Quanto ao tempo perdido, por eventuais leitores deste texto, há coisas bem piores servidas pela mídia oficial, com o agravante de que se trata do mais acachapante despudor.

Imagem: destruição inevitável de guerras, todas elas odiosas, mas que precisam ser decifradas para além da lógica fácil/conveniente. BBC

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