Por Marco Palmanhani, Correio do Brasil –
Outra situação que salta aos olhos é o tratamento dispensado aos delatores da Operação Lava Jato. O levantamento das penas dos delatores e o tempo que estes ficaram presos foi a gota d’água para entender toda a engrenagem
A cada dia me convenço – e espero – que a história um dia mostrará ao mundo a farsa chamada Sérgio Moro. Se alguém tinha dúvidas ao que veio a Operação Lava Jato, os fatos não deixam mais nenhuma sombra de dúvidas.
Apesar de todas as denúncias contra Aécio Neves, Eduardo Cunha e outros próceres da oposição, todo movimento da operação vai na direção da criminalização apenas do Partido dos Trabalhadores e seus dirigentes. As revelações sobre a amante de Fernando Henrique e a agilidade como agiu Moro em deflagrar a Operação Acarajé já foi percebida por muitos analistas políticos sérios.
Outra situação que salta aos olhos é o tratamento dispensado aos delatores da Operação Lava Jato. O levantamento das penas dos delatores e o tempo que estes ficaram presos foi a gota d’água para entender toda a engrenagem da operação e a que ela veio.
No caso Banestado aconteceu a mesma coisa com Alberto Youssef. Moro o liberou da prisão. Só que naquele momento os delatados eram ligados ao PSDB e tudo foi para debaixo do tapete. Agora, Moro precisou mais uma vez dos serviços do doleiro. Só que desta vez o projeto é mais ambicioso. Tirar o PT do governo.
E se ainda havia dúvidas sobre as intenções dos juízes, procuradores e policiais federais, o vazamento das investigações contra Lula e agora a prisão do responsável pelas campanhas eleitorais de Lula e Dilma, João Santana, não deixa mais nenhuma.
A cada dia, o Moro está com maior desenvoltura para colocar às claras suas motivações políticas. Parece que ele chegou na fase em que não precisa mais esconder isso de ninguém, e quem acompanha com um mínimo de visão crítica sua cruzada sabe disso. O acordo com a mídia familiar Globo, Folha, Veja e outros também já está escancarada.
A tentativa desesperada de forçar a delação premiada do empresário Marcelo Odebrecht (diga-se de passagem, parece ser uma pessoa de muita fibra) mostra o quanto esse juiz é messiânico em sua cruzada contra o PT. Ele joga no tudo ou nada pela delação do empreiteiro. E tudo isso nas barbas do STF e do Ministro da Justiça.
O que para muitos brasileiros é uma luta contra a corrupção, para nós fica cada dia mais evidenciado o verniz político que encobre toda a operação. Diga-se mais precisamente da prisão ilegal de João Vaccari e Zé Dirceu.
O incrível é que esta elite, da qual faz parte este juiz, procuradores e policiais federais, está conseguindo, junto com seus aliados midiáticos, mostrar mais uma vez que para eles o que vale é o tudo ou nada. O que vale é tentar acabar com o PT. Republicanismo, quem acredita é só Dilma e seu ministro da Justiça. O que poderia ser um resgate da cidadania e o combate à corrupção virou instrumento de luta política.
Os delatores daqui alguns meses estarão nas ruas em suas mansões e barcões gastando o dinheiro que roubaram da Petrobrás. Enquanto isso, dirigentes partidários e empresários que não compactuarem com a sanha perseguidora de Moro estarão apodrecendo nas prisões, e ele ainda estará atrás da maior liderança política que este país já forjou.
Criam-se factoides, joga-se o jogo de tentativa e erro. Espremesse-se o acusado. Parece que vejo a cena:
— Tá vendo o Youseff, tá vendo o Cerveró, Júlio Camargo… daqui a pouco estão soltos e você aqui querendo bancar o herói.
– Mas, se eu falar, quero falar de todo mundo.
– Aí nós não queremos, eu quero o Lula, PT, Dilma. Os outros não me interessam.
– Mas, eu não tenho nada contra o Lula.
– Invente!
É o tudo ou nada. Eles vieram sem medo, porque a mídia e eles são uma coisa só. O Brasil está embriagado com tantas coisas sendo marteladas diuturnamente pelas famílias midiáticas.
Pouco importa o país, a hora é agora. Ou se não for, eles vão sangrando tudo o que cheira a PT nesta sociedade. O jogo está dado.
Mas, uma coisa diante de toda esta situação parece que vai se desnudando. Na pressa de agradar seus aliados, Moro vai metendo os pés pelas mãos, sem se preocupar com seus movimentos bruscos. Parece se achar acima do bem e do mal. O que importa são seus aliados na mídia e a corriola que ele montou em Curitiba.
Agora, de uma coisa eu tenho certeza: eles não conseguiram acabar com o PT. O efeito parece ser o contrário. O partido a cada dia cresce mais na juventude para o desespero de Moro e da mídia familiar.
Quanto mais ousado ele vai ficando, mais vai desnudando seu real interesse nada republicano.
Mas, mesmo se tudo isso não acontecer, uma coisa eu tenho certeza. A história será implacável com essas pessoas, que estão sendo irresponsáveis com todo um país por causa de um projeto político.
Como lembramos do Moro que, lá atrás, usou e libertou o doleiro no caso do Banestado, vamos nos lembrar dele também, quando daqui há alguns anos Youssef, Cerveró, Júlio Camargo e outros voltarem a aparecer no cenário político, seja para prestarem um novo serviço à direita, ou então nas colunas sociais fotografados em seus barcos e mansões, com uma figura de preto ao fundo sorrindo com a cara de quem prestou um grande serviço à elite deste país.
Marco Palmanhani é publicitário.