Por Adailton Medeiros, produtor cultural, responsável pelo Ponto Cine, em Gaudalupe\RJ.
O homem vendido por outro pode não ser escravo; o que se vendeu a si mesmo, esse é o escravo absoluto (John Ruskin, crítico de arte britânico)
Eu fico surpreso: como grande parte da população brasileira, constituída em sua grande maioria de pobres, pretos e mulhereres pode votar no patrão, homens, brancos e ricos!
E isso não tem nada a ver com comunismo ou coisa do demônio. Acho tão lógico perceber que quem faz o tênis que a gente calça é um pobre, a calça jeans, a camisa da chegada e o boné da hora que a gente usa são os pobres. Gente igual a gente.
Tudo que a gente gosta e está ao máximo do nosso pequeno alcance é o pobre quem faz, não quero dizer que quem cria não tem valor; tem, e muito. Mas eu estou dizendo sobre a base da pirâmide, os elásticos compartilhados capazes de fazer um eixo de hélice rodar.
Acredito que estamos num momento de profundas mudanças, pode até parecer coisa cíclica, que seja. Mas é hora de subvertermos o establishment. O mundo exige um novo modelo, a começar pelas cidades.
São nas cidades, em seus subúrbios e periferias, que estão os nossos iguais socialmente e parecidos economicamente. Está na hora de votarmos em quem compartilha conosco do mesmo espelho, mesmas dores, desejos e angústias.
Que nessas eleições o ser humano seja a centralidade e a solidariedade, o instumento de atingi-lo; e não dinheiro e a bábarie como vem ocorrendo.