A mídia se encanta com a expectativa da desaceleração econômica e, quando os números desmentem suas previsões, segue “surpresa” e joga a culpa no “adiamento” dessa desaceleração. A chamada “desaceleração adiada” é, no fundo, mais um exemplo de especulação e torcida contra disfarçada de análise econômica.
Por Kiko Nogueira, compartilhado de seu Blog
O Globo conseguiu perpetrar esta patacoada hoje: “Supersafra, emprego, renda e crédito: entenda os fatores que têm levado o mercado a revisar projeções para o PIB”. O subtítulo: “Para analistas, a desaceleração da economia foi mais uma vez adiada”.

Isso não é uma surpresa para quem entende como a economia funciona, e sim um reflexo das boas notícias que o país vem acumulando. A supersafra, o mercado de trabalho aquecido, a recuperação dos rendimentos e a expansão do crédito — mesmo com juros altos — são todos fatores que têm alimentado o crescimento do PIB, contrariando as previsões pessimistas que a mídia insiste em divulgar.
Não se trata de um fenômeno pontual, mas de um processo contínuo de recuperação econômica. Uma hora vai dar ruim. Pode ser daqui a dois anos ou vinte anos.
A grande mídia espera, ansiosamente, que a desaceleração aconteça. Soa como astrologia, uma tentativa de forçar uma narrativa sem fundamentos sólidos. Quando o crescimento se confirma, em vez de revisar suas expectativas para cima, a imprensa continua com o discurso de que “a desaceleração foi adiada”, como se esse fosse o cenário desejado.
Essas “previsões” e essa postura de especulação criam uma espécie de autossabotagem econômica, pois, ao invés de destacar os resultados positivos, a mídia permanece em uma postura de desconfiança, sempre à espera de um colapso que não chega. A desaceleração não ocorre, e eles se veem obrigados a redefinir constantemente suas projeções.
O que deveria ser um exercício sério de análise econômica acaba sendo transformado em uma narrativa de fracasso iminente, que não se sustenta diante dos dados reais. O crescimento no primeiro trimestre foi impulsionado por diversos fatores, como o desempenho da agropecuária e o aquecimento do mercado de trabalho, o que não pode ser ignorado. A expansão do crédito, o aumento dos salários e os incentivos governamentais também têm contribuído para que a economia siga em frente, desafiando as expectativas de crise.
Em vez de continuar insistindo em previsões apocalípticas e rotulando a desaceleração como algo inevitável, seria mais sensato e construtivo refletir sobre as oportunidades e os fatores que estão sustentando o crescimento. O Brasil não está simplesmente “adiando” a desaceleração. Está, na verdade, mostrando uma capacidade de recuperação muito mais forte do que a mídia se atreve a reconhecer.
A desinformação gerada por essa expectativa incansável de crise é prejudicial. A economia tem suas flutuações, mas um jornalismo sério deve, acima de tudo, observar os fatos, em vez de alimentar um ciclo de previsões falhas e pessimismo. Ao contrário do que muitos gostariam de acreditar, o crescimento do PIB brasileiro não é um acidente ou algo que “foi adiado”. Ele é resultado de uma série de fatores positivos que estão se consolidando, apesar do que esperram os urubus.