Por Havana de Moraes Marinho, Rio de Janeiro –
Alguns anos atrás tinha um senhor que era Gari da Comlurb e trabalhava na noite da Praça São Salvador. Nós sempre conversávamos e ele me falava da vida dele, da família, tinha muito orgulho da filha que estava na faculdade. Do nada ele sumiu e nunca mais tive notícia.
Cerca de um ano depois, eu estava no ponto de ônibus lá em Botafogo e o reconheci varrendo a rua. Cumprimentei e ele abriu um sorriso e falou: que bom que você me reconheceu (a invisibilidade dos trabalhadores da limpeza urbana é terrível). Seguimos conversando e perguntei por que ele havia saído da praça, ele me respondeu: Ah, minha filha, eu já estou velho e é muito difícil trabalhar na noite. Eu estou buscando trabalhar menos e aproveitar, acredita que eu fui pra Buenos Aires com minha família?
Eu senti a felicidade daquele trabalhador, como foi importante pra ele viajar com a família… Nos despedimos e eu voltei para casa com um calor no coração.
A classe média brasileira é, em sua maioria, odiosa e escravocrata.
Para alguns é um absurdo um gari viajar pra fora, mas pra mim, era algo extraordinário.
Aquela pessoa teve a oportunidade de ter um pequeno prazer que a classe média tem com maior facilidade.
A fala do ministro da economia que defende ricos, banqueiros e odeia pobres me fez lembrar dessa história.
Essa e aquelas tantas outras falas asquerosas de que “aeroportos estavam parecendo rodoviárias”…Ranço dessas pessoas medíocres!!!
Por mais garis, empregadas, faxineiras, jardineiros, trabalhadores e trabalhadoras pelo mundo (não curto a Disney, hahaha).
Quero uma sociedade mais igual e justa! E é por isso que sigo na LUTA!