Tom Cardoso pelo Facebook –
Quando o Bahamas foi interditado, semanas após o acidente do voo da TAM, uma revista, já extinta, pediu para eu fazer um perfil do Oscar Maroni, o folclórico e fanfarrão dono do puteiro. É o tipo de matéria que eu topo até de graça.
Fui pra lá. Nunca mais esqueço da cena: o Maroni, esparramado no sofá do Bahamas, com cara de choro, e um monte de puta em volta dele, de costas pra mim, só de calcinha. Como é dura a vida de repórter.
O homem estava emputecido, babando de ódio do Gilberto Kassab, o prefeito de São Paulo na época, e responsável pela interdição.
– Eu vou entregar todo mundo! To-do mun-do! Não vai sobrar ninguém!
Pedi para ligar o gravador. Ele não deixou. E começou a falar de todos os nomes de políticos que frequentavam o Bahamas. O Kassab, por motivos óbvios, ficou fora da lista, mas eu me lembro do Maroni citando até o Geraldo Alckmin. Acho que falou mais por ódio. Impossível. Eu fico imaginando o Picolé num puteiro, paparicado pelas primas, falando com aquela desenvoltura habitual:
– Pro-na-te-c/ Fa-te-c/ Bom-Pra-to.
Fiz a entrevista. Como não pude gravar nada, não saí de lá com nada muito relevante, só com a imagem – que ficou uma semana na minha cabeça – do Picolé participando de um bacanal.
O Maroni me acompanhou até a porta. Na saída, me deu um cartão da boate, com uma assinatura dele no verso.
– É um vale-programa, Tom.
– Com assim?
– Com ele você pode escolher qualquer mulher da casa. Só paga o quarto.
– Ah, obrigado, mas a boate fechou.
– Mas o vale é vitalício. Quando ela reabrir, você usa.
O vale está na minha gaveta até ontem. Vendi hoje no Mercado Livre. Com crise não se brinca.