Nesta quinta (25), comemorou-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrou-se as contribuições, a luta e a resiliência das mulheres negras dessas regiões.
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Essa data marcante é também um tributo à memória de Tereza de Benguela, uma líder quilombola que desafiou a opressão no Brasil do século XVIII. É muito importante dar notoriedade, valorizar as histórias e as vozes dessas mulheres destemidas e revolucionárias.
O momento emblemático é também um chamado à ação para enfrentar as disparidades persistentes e promover a equidade. A luta das mulheres negras da América Latina e do Caribe está profundamente entrelaçada com questões de identidade, racismo e desigualdade de gênero.
Uma forma de conhecermos melhor a história dessas mulheres negras e das batalhas travadas por elas é debruçando na literatura. Nos últimos anos, a literatura de mulheres negras da América Latina e do Caribe tem ganhado destaque mundial, revelando uma riqueza de experiências e perspectivas únicas.
A literatura das mulheres negras da América Latina e do Caribe oferece uma visão inestimável sobre as complexas realidades vividas por essas autoras. Seus trabalhos não apenas enriquecem a literatura global, mas também representam o lugar de fala de milhares de vozes que frequentemente são marginalizadas.
A Contee aproveita para indicar 10 livros que valem a pena acrescentar na lista de leituras:
Conceição Evaristo (Brasil)
1 – “Olhos D’Água” (2014)
Uma coletânea de contos que explora a vida das mulheres negras, abordando questões como a desigualdade social e a luta por reconhecimento. Evaristo utiliza uma linguagem poética para transmitir a complexidade e a força das personagens.
2- “Ponciá Vicêncio” (2003)
Romance que narra a vida de Ponciá Vicêncio, uma mulher negra que busca sua identidade e lugar na sociedade. A obra oferece uma análise crítica das questões sociais e culturais que afetam a vida das mulheres negras no Brasil.
Ana Maria Gonçalves (Brasil)
3- “Um Defeito de Cor” (2006)
Este romance histórico é uma saga épica que acompanha a vida de Kehinde, uma mulher negra que luta contra a escravidão e busca sua liberdade. A obra explora a história e a cultura afro-brasileira com profundidade e complexidade.
Carolina Maria de Jesus (Brasil)
4-“Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” (1960)
Uma autobiografia que oferece um olhar cru e realista sobre a vida nas favelas de São Paulo. Carolina Maria de Jesus descreve com detalhes suas experiências de pobreza, racismo e luta pela sobrevivência, e seu diário é uma importante contribuição para a literatura brasileira.
Maria Firmina dos Reis (Brasil)
5-“Úrsula” (1859)
O primeiro romance publicado por uma escritora negra no Brasil. A obra é um marco na literatura brasileira e explora temas como racismo e escravidão, oferecendo uma crítica à realidade social da época.
Lélia Gonzalez (Brasil)
6″Racismo e Sexismo na Sociedade Brasileira” (1984) – Este é um de seus trabalhos mais conhecidos, no qual Lélia analisa a interseção do racismo e do sexismo na sociedade brasileira, oferecendo uma crítica profunda e uma reflexão sobre as condições das mulheres negras.
Tereza Cárdenas (Cubana)
7-Cartas para a minha mãe (2021)
A obra é um mergulho emocional e pessoal na complexidade dos vínculos familiares e no legado deixado pelas mães. Através das cartas, Cárdenas aborda temas como a memória, a influência maternal, o amor incondicional, e o processo de luto e saudade.
Edwidge Danticat (Haiti)
8-A Rainha do Carnaval” (1994)
Coletânea de contos que explora a vida e as lutas das mulheres haitianas, abordando temas como a violência e a resiliência em um contexto de instabilidade política e social.
Maryse Condé (Guadalupe)
9-“A Sementes do Caos” (1992)
Examina a vida nas Antilhas Francesas e as complexidades da identidade pós-colonial, refletindo sobre a experiência caribenha.
Julia de Burgos (Porto Rico)
10-“Poemas Solitarios” (2003)
Uma coletânea poética da influente poeta porto-riquenha Julia de Burgos, cujos versos exploram a luta pela identidade e a condição da mulher negra em uma sociedade colonial.
Ao explorar essas obras, os leitores são convidados a uma jornada de descoberta, reflexão e empatia, ampliando o entendimento das múltiplas facetas da experiência humana, bem como o horizonte cultural. Além do mais, reforçamos o compromisso com a justiça social e a igualdade.
Celebrar por meio da leitura e do reconhecimento das contribuições das escritoras negras é uma maneira de apoiar a inclusão e a valorização dessas vozes. As histórias dessas escritoras são registros vitais da luta, resistência e da dignidade das mulheres negras na América Latina e no Caribe.
Por Romênia Mariani