Por Ulisses Capozzoli, jornalista, Facebook
Se um eclipse solar, como o de 2 de julho passado, só ocorre com a Lua em fase nova, um eclipse lunar só pode se dar com a lua cheia. Por que essa aparente coincidência e por que, toda vez que ocorre lua cheia ou nova não há eclipses lunar ou solar?
Algum conhecimento dos movimentos do céu explica com facilidade esse comportamento. Mas para quem desconhece esses processos, a maior parte das pessoas, pode parecer um enigma. No primeiro caso, com a lua nova, a lua está entre a Terra e o Sol e é exatamente a interposição do disco aparente da Lua que encobre o disco também aparente do Sol. Digo “aparente” para não sugerir que qualquer um desses três corpos seja plano, como pensam 7% dos brasileiros em relação à Terra.
No segundo caso, a Terra está entre o Sol e a Lua e é a sombra da Terra projetada no espaço que encobre o disco aparente da Lua. Mas, por que nessas fases, nova e cheia da lua, não ocorre, necessariamente, nenhum dos dois tipos de eclipse? A razão disso está na órbita lunar inclinada de aproximadamente 5º 9’ (cinco graus e nove minutos. Um minuto é a sexagésima parte do grau) em torno da Terra.
Assim, nem sempre os alinhamentos ocorrem nos planos vertical e horizontal entre os astros para produzir um eclipse, lunar ou solar. A inclinação da órbita lunar também justifica eclipses parciais, como o que ocorre hoje, em relação à Lua, quando a sombra projetada da Terra encobre apenas parte do disco aparente do seu disco aparente.
No futuro, com a Lua habitada, seus moradores poderão observar um eclipse solar provocado pela interposição do disco aparente da Terra. Além disso, e esse será um cenário que sensibilizará o mais durão dos observadores, a Terra, em fase cheia será um espetáculo emocionante, a partir do lado visível (mas não escuro) da Lua.
A Terra espalhando a luz refletida do Sol como um enorme diamante esférico, modelado pela ação da gravidade. É a ação da gravidade que torna um corpo esférico e, para isso, é necessário que ele tenha massa crítica, com campo gravitacional capaz de curvar-se sobre sua própria atração em relação ao centro.
Assim um conhecimento de Aristóteles, para quem a gravidade é “a tendência dos corpos pesados em cair para o centro do mundo”, é o suficiente para explicar que a Terra é esférica e não plana como uma moeda. Na superfície de uma esfera ideal, todos os pontos estão à mesma distância do centro.
Mas, a Terra, o Sol e mesmo a Lua não são esferas perfeitas em função de efeitos como a rotação ou o efeito maré, no segundo caso a distorção plástica provocada em corpos celestes pela atração gravitacional de um corpo a uma certa distância crítica (que diminui, mas não cessa mesmo a grandes distâncias).
O resumo desta opereta sumária é que hoje haverá um eclipse parcial da Lua que, em São Paulo, tudo indica, não será observado devido ao céu encoberto por nuvens produzidas pela presença de uma frente fria originária da Antártida. Por aqui, a Lua nasce às 17h02, com intensidade máxima do eclipse parcial às 18h31 e encerramento às 20h00, com a Lua a 48º de altura. Para deduzir essa posição, considere que um ponto sobre a cabeça de um observador está a 90º de elevação, um ângulo reto, a partir da linha do horizonte. Assim, a 48º de elevação, ao final do eclipse parcial a Lua estará a meia altura, entre a linha do horizonte e a cabeça de um observador.
O céu é uma fonte renovável de inspiração e reflexão sobre a vida na Terra, não mais que um grão de sal, mesmo visível do interior do Sistema Solar, em mundos como Saturno.
A Terra é nossa casa cósmica, a única em que temos certeza da presença da vida abundante, entre elas a humana, conceituada como de inteligência superior, ainda que comportamentos cotidianos sugiram a controvérsia dessa classificação.
A Terra é um oásis entre os 200 bilhões de estrelas que formam o enxame cósmico da Galáxia, a Via Láctea. Muitos outros mundos devem ser habitados.
Não há razão alguma para que a Terra seja uma exceção entre mundos estéreis, mas, ainda assim, até hoje não tivemos uma prova inequívoca da existência de outras formas de vida. Mas essa já é uma questão para uma outra abordagem. Sobre um tema que seduz o mais desinteressado dos interlocutores.