Ainda impactada com a força vivenciada na caminhada do Dia Internacional de Luta das Mulheres, em São Paulo, e testemunhada pelas mídias sociais no Brasil, América Latina e Europa, orgulha-me o caráter coletivo das reivindicações. A mulher se manifesta pela “energia comum”.
Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog
Na foto: 8M é luta comum
Uma lida diversa nos move na construção de uma sociedade onde a equidade seja a palavra a ser praticada. Inspira-me, a cada ano, ver as pautas somadas: é quando os coletivos se unem e reorganizam os próximos os passos.
Como define a frase da Marcha Mundial das Mulheres que, orgulhosamente, empunhei este ano: Marchamos em Solidariedade aos Povos e Mulheres EM LUTA!
É exatamente isso. Na caminhada feminina não podemos subtrair todes que, direta ou indiretamente, estão inseridos na jornada da vida.
Caminhamos, e cantamos, e dançando gritamos pelos direitos da mulher em todas as estâncias: no trabalho, na saúde, na educação, na sexualidade, na identidade, na diversidade. Anunciamos que defenderemos a moradia popular que dignifica, o direito ao aborto que liberta, o fim da violência contra a mulher que mantém a vida, a dignidade menstrual, a mobilidade da mulher migrante e com deficiência.
As demandas são tantas! Mas, também foi um dia de libertação.
Há seis anos uma mulher foi o símbolo da violência política e impedida de exercer o cargo que lhe foi conferido pelo voto. Depois do impeachment da presidenta Dilma Rousseff todas fomos vitimadas pela misoginia que se instalou no Brasil. Digo, todas, referindo-me ao coletivo. É claro que algumas mulheres ainda não entenderam que a teia de direitos é inclusiva. Nela não cabe usufruir individualmente das benesses quando no poder: #semanistia
Emociona-me, particularmente, nas manifestações de rua, a diversidade explicitada nos rostos e corpos: as mulheres idosas, principalmente àquelas que fazem têm na luta a sobrevivência individual e familiar; as crianças que acompanham suas mães e, assim, assimilam o mundo de idéias e ideais; as pessoas transgêneros que provam que a vida é uma escolha; os diferentes biotipos brasileiros, os homens que dignificam as suas mulheres ao acompanhá-las em suas reivindicações.
Não é fácil escapar da rotina que nos pesa nos ombros, largar as tarefas e ir para as ruas. Principalmente debaixo do temporal que caiu na cidade – chuva de vento – que nos assustou, mas não impediu o encontro, às 17h.
Cerca de hora e meia depois o arco-íris coloriu o vão-livre do Masp, provando que o Universo conspira a favor. Depois choveu de novo, lavando a nossa alma!
Cada mulher representou aquelas que não puderam comparecer. Donas de casa, estudantes, trabalhadoras. Nossa luta é anticolonialista, antipaternalista, anticapitalista, antirracista, antilgbtqia+transfobica. Contra o assédio em todas as suas dimensões, pela vida e dignidade da mulher.
Como define uma amiga querida, ativista de todas as causas dos Direitos Humanos e feministas:
“Nós mulheres, gestamos.”
O resto é apropriação indevida.
Viva o #8M