A luta contra toda e qualquer discriminação se mostra permanente

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Vivemos tempos difíceis. A discriminação e o preconceito na sociedade trazem impactos ruins para o desenvolvimento coletivo. E as redes sociais têm desempenhado uma função nesse processo, e não é das melhores.

Por Belmiro Moreira, compartilhado de CUT




A discriminação é o reflexo das estruturas de poder na sociedade, o que explica os numerosos casos no mundo do trabalho, que tem levado muitos e muitas a terem doenças graves que afetam o bem-estar emocional e psicológico. E, ultimamente, são vários casos de repercussão pública que têm chamado a atenção, em diferentes espaços.

No futebol, conhecido historicamente pela confraternização e fair play, tem aumentado casos envolvendo racismo, principalmente voltados contra jogadores brasileiros. O problema é que isso não parte somente da torcida, mas, inclusive, de cartolas que deveriam dar o exemplo. Recentemente, o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, disse “a Libertadores sem o Brasil seria como “Tarzan sem a Chita”. 

O pronunciamento do presidente da entidade gerou repercussões merecidamente negativas e abriu caminho, infelizmente, para mais discriminação. A jornalista Luciana Barreto, âncora do Repórter Brasil Tarde, da TV Brasil, foi alvo de comentários racistas nas redes sociais após criticar a fala de Alejandro. Isso prova que o ciclo do racismo parece não ter fim e que é fundamental o incentivo da conscientização e real punição contra esses crimes.

Neste emaranhado de violações, não dá para ser indiferente à violência de gênero, que afeta as mulheres em todos os espaços. No mundo do trabalho, há diversos – maus – exemplos que vulnerabilizam as mulheres. 

Um dos casos mais recentes que ganharam notoriedade foi o da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, covardemente atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB). Durante um discurso, Plínio disse “imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”. Esse tipo de ação não pode ser considerada apenas como um “comentário”, ela endossa um ciclo de ódio e violência que mata mulheres todo dia ao redor do país e precisa ser combatida.

Vozes machistas e discursos misóginos são amplificados pelas redes sociais. O Observatório da Indústria da Desinformação e Violência de Gênero nas Plataformas Digitais, parceria do NetLab-UFRJ com o Ministério das Mulheres, mapeou e analisou canais com discursos misóginos no YouTube no Brasil. Os dados são alarmantes: a pesquisa identificou 137 canais com conteúdo misógino. Juntos, eles somam 3,9 bilhões de visualizações, 105 mil vídeos publicados e, em média, 152 mil inscritos.

Neste sentido, precisamos refletir sobre o papel do avanço da extrema direita, que anda lado a lado com os discursos de ódio que vulnerabilizam ainda mais públicos já sistematicamente discriminados. Somado a isso, temos a falta de compromisso das plataformas digitais com a moderação de conteúdos de ódio e que disseminam fake news, desmontando programas de checagens e parcerias para este fim.

O futuro parece nebuloso, por isso, é fundamental nos organizarmos. O movimento sindical tem pautado e endossado ações de combate às diferentes formas de discriminação, atuando nos locais de trabalhos e nas ruas, para denunciar as diversas violações que impactam a vida de milhares de pessoas. É um trabalho que tem sido feito há décadas e deve ser cada vez mais fortalecido.

Precisamos nos manter vigilantes e atuantes. Toda e qualquer mobilização conta. Fazer o debate e conscientizar a sociedade também é papel do sindicato. Para além disso, é necessário políticas consistentes em diferentes âmbitos para que crimes sejam devidamente punidos. Só assim poderemos vislumbrar tempos melhores, em que todos e todas sejam respeitados.

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