Show de Bolão: A noite em que uma Joaninha virou duas no palco

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Show do Bolão

 

 

 

E o Bem Blogado volta com mais um eletrizante texto do grande baterista grande Oscar Bolão, que conta como uma Joaninha pode se virar em duas no palco. 




 

 

 

 

 

Na história da humanidade (e dos animais também) aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar foram os que prevaleceram (Charles Darwin)

 

 

Por Oscar Bolão

 

Bons dias. A mim, prefiro esculhambar; aos colegas, enaltecer. Tenho mais de quarenta anos de música e nesse período toquei com uma infinidade de gente boa. Acho que, no fundo, o ‘prego’ sempre fui eu. Viram? Não resisto a me depreciar. Mas tô aqui naquela bobeira pandêmica e lembrei duma passagem interessante com uma amiga música.

 

Não estranhem, o feminino de músico é música mesmo. Tenho duas colegas Joanas: Joana Saraiva – flauta e sax – e Joana Queiroz – clarinete e sax. Tocam muito as minas e são lindinhas as duas. A tal passagem se deu com a Queiroz.

 

Foi no espetáculo “Obrigado, Cartola!”, direção musical do queridão Roberto Gnattali – um imbrochável batalhador da MPB. Um baita arranjador que não nega a majestade do tio Radamés.

 

Pois bem, nos sopros estavam a Joaninha – substituindo o Rui Alvim –  e o Marcelo Bernardes. Fabiano Saleck, na percussão, e Lucas Porto, no violão. Eu de batera e a Nilze Carvalho de cavaco e bandolim.

 

O Marcelo não come carne e tá sempre mastigando frutas ou legumes. É praticamente uma planta e a consequência disso é ser um sujeito inabalavelmente tranquilo. Tão tranquilo, mas tanto, que um dia esqueceu de ir pro teatro.

 

Foi um Deus nos acuda no CCBB do Rio. Ele morava em Lumiar e ninguém da produção conseguia achá-lo. Que situação! Casa lotada! Na coxia os mais inteligentes tentavam contornar aquele imbróglio.

 

E eu: “Xiii… vai dar merda.” Eis que de repente a Joaninha decide: “Deixa comigo. Eu faço a parte dele e a minha.” Hein?!

 

A ideia era ir pontuando com o que fosse mais importante pro espetáculo. Ora com a parte dele, ora com a dela. Mas ela tocava clarinete e ele sax e flauta; então, teria que transpor as frases em tempo real. E decidir o que era mais importante. Pirou!

 

Gente, a Joana é miudinha mas vi ali, na minha frente, um ser completamente agigantado. Ligadinha nos pentagramas. “Dá-lhe, Joaninha!”, todo mundo torcendo.

 

Por óbvio faltou coisa, mas só nós é que sabíamos. A danada deu mesmo um jeito. E o público aplaudindo de pé no final, pra mim, tava aplaudindo a Joaninha. Tanto assim, que os atores, no agradecimento, dedicaram a noite a ela. Arrasou, minha amiga. Beijinho.

 

 

Joana Queiroz | Programa Instrumental Sesc Brasil

 

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