A oportunidade da paz pelo aprendizado na convivência escolar

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Três homens colorindo as paredes… Delicadamente. 

Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog




Um deles tomando o cuidado para não apagar, manchar e, sim, valorizar os grafites onde lemos e vemos imagens da poetisa #CarolinadeJesus. 

“Eu acho bonito”, diz o pintor. 

Dentro da escola, outro coloca laranja nas muretas baixas. 

“Ficou bonita, não é mesmo? A cor deixa tudo mais alegre…”, conclui.

Eu, que visito o lugar pela primeira vez, estranho, feliz, a ausência de muros, o jardim com árvores, com bancos para sentar. Vejo passarinhos, flores e cores!

Uma estudante me percebe esperando, lendo um livro, e pergunta: você é a professora que vem dar aula, hoje? Ela é loira e usa tranças feitas por uma colega preta. 

“Ela é muito boa em trançar cabelos”. Eu respondo: ficou lindo, será que ela trançaria os meus? E ouço a resposta afirmativa, para quando eu voltar.

Enquanto espero, vejo pessoas de etnias diferentes entrar e sair. Dentro, me deparo com a pintura que explica a filosofia pedagógica: por uma escola inclusiva. 

É exatamente o que eu vejo ao andar pelo lugar. Cores, idiomas, crianças de idades e etnias distintas convivendo fraternalmente, aprendendo mutuamente, respeitando-se. Nas placas, os avisos em pelo menos quatro idiomas, que contemplam às necessidades das crianças, 50% delas imigrantes vindos dos diferentes continentes. 

Nas paredes internas, o rosto da poetisa, numa releitura feita pela crianças do ensino fundamental 1, que combinam com os grafites externos. Muitas produções dos alunos, focadas no conteúdo que apenas a troca cultural proporciona. Muitos estandartes.

Mas, o que eu encontro na sala de aula do projeto de comunicação comunitária que me proponho a construir, horizontalmente, a partir de um convênio com o poder público e a universidade? Na expectativa sinto a Alegria! Adolescentes, neste caso, do ensino fundamental 2, motivados com os diferentes projetos em curso, principalmente da rádio popular que estrearia no dia seguinte.

Eles topam o desafio que proponho, instigados pelo professor, educomunicador, que explica a eles a oportunidade que o grupo terá de se expressar e ser lido por colegas. Também, da responsabilidade de ter os nomes nos créditos da reportagem a ser produzida.

Num momento em que a violência assusta e ameaça estudantes brasileiros, testemunho que o antídoto ao crime anunciado é a convivência, o reconhecimento, o respeito à identidade, a responsabilidade da comunidade inserida no ambiente escolar. Sejam eles pais, professores, estudantes, vizinhança, autoridades.

Este lugar não fica num oásis pacífico, mas numa região de certo risco na cidade de São Paulo. Não há policiais na vizinhança, guarda-escolar, mas uma equipe sinérgica que entende do que faz e realiza suas funções educacionais e sociais muito bem. Escola que mostra que aprender é preciso para construirmos uma nação de oportunidades como é o DNA brasileiro antes do ódio ser instaurado.

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