Deputado federal e um dos vice-líderes do governo na Câmara, Silvio Costa (PSC-PE) defende que a base aliada da presidente Dilma Rousseff mude de postura, partindo para o enfrentamento, seja aos partidos da oposição ou ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descrito por ele como de um “estilo ditatorial, imperial”; Costa foi o autor de um discurso imperdível, de grande repercussão no País essa semana, no qual fez duras críticas à oposição e ao PSDB de Aécio Neves; “A marca da oposição é a marca da incoerência”, ressaltou ele em entrevista ao 247; “Este discurso da oposição não consegue chegar aos corações das pessoas, ao contrário do presidente Lula”, acrescentou
Pernambuco 247 – Ele não é do PT, mas tem se mostrado mais petista que os próprios integrantes da legenda quando se trata de defender o governo da presidente Dilma Rousseff dos ataques da oposição. O deputado federal Silvio Costa (PSC-PE) foi responsável, nesta semana, por um dos discursos mais veementes contra a oposição, em que aponta as incoerências do PSDB, seja nas votações ou nas críticas contra o governo.
Costa, que é um dos vice-líderes do governo na Câmara, defende que a base aliada da presidente Dilma Rousseff mude de postura, partindo para o enfrentamento, em relação aos partidos da oposição ou em relação ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por impor seguidas derrotas ao governo nas votações em plenário. “Ele não pode continuar utilizando o governo para derrotar o governo. O Cunha não pode continuar dando capim às suas ovelhas do pasto alheio. Ele não pode usar o Executivo para premiar as suas ovelhas”, disparou.
Apesar de o PMDB ser o maior aliado, Silvio Costa destaca que uma mudança de estratégia deveria “trabalhar em cima da desorganização” da legenda resultante do “pseudomandonismo” de Cunha. “Ele nunca foi hegemônico dentro do PMDB e vem perdendo gordura política, perdendo apoio na Casa pelo estilo ditatorial, imperial, que impôs sobre diversos parlamentares. O governo deveria trabalhar melhor esta insatisfação do PMDB”, analisa.
Silvão, como o pernambucano também é conhecido, diz que, assim como Cunha, “a oposição tem como marca a incoerência” e acusa os parlamentares que querem apear a presidente Dilma do cargo – por meio de uma tentativa de impeachment ou por casuísmos legais, como as chamadas ‘pedaladas fiscais’ questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) – de “populismo nojento contra o Brasil”.
Para estes, ele faz questão mandar um recado: “Este discurso da oposição não consegue chegar aos corações das pessoas, ao contrário do presidente Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva]. Eles perderam as últimas eleições para a Dilma e vão perder em 2018 novamente para o Lula”.
Assista abaixo ao discurso de Silvio Costa desta semana e leia a entrevista do deputado ao Pernambuco 247:
O senhor tem sido responsável pela defesa mais veemente do governo Dilma na Câmara. Como avalia as seguidas derrotas impostas pelo presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nas votações de interesse do governo?
Defendo uma mudança de postura. Eu defendo o enfrentamento com o Cunha. Ele não pode continuar utilizando governo para derrotar o governo. Ele promete aos parlamentares liberar emendas, cargos, e em seguida liga para pressionar ministros. Ele mudou 20 votos na PEC da Maioridade Penal de um dia para o outro. Nenhum parlamentar muda de opinião assim, da noite para o dia. O Cunha não pode continuar dando capim às suas ovelhas do pasto alheio. Ele não pode usar o Executivo para premiar suas ovelhas.
Ele é da base aliada e tem apoio na Casa… então como seria este enfrentamento?
Reconheço que ele deu celeridade à pauta da Câmara, mas também tem atropelado o regimento da Casa e a própria Constituição em interesse próprio. É o pseudomandonismo do Cunha. Ele sabe da qualidade intelectual de parte do grupo dele e, por isso, manipula. Sou opositor convicto da gestão dele. Não tenho medo de enfrentá-lo em nenhum campo, seja intelectual, regimental, constitucional ou moral. Ele disse que o chamei de chantagista e que ia me colocar na corregedoria. Caso aconteça, seria um atestado de ética para mim.
E quanto a esta mudança de postura por parte do governo que o senhor fala?
O governo tem que mudar o seu modus operandi junto a alguns partidos da base. Tem partidos que terceirizaram a liderança para o Cunha. O governo erra com o PMDB. Deveria trabalhar em cima da entropia, da desorganização do PMDB. O Cunha vem perdendo gordura política. Ele nunca foi hegemônico dentro do PMDB e vem perdendo apoio na Casa pelo estilo ditatorial, imperial que impôs. Ele deve terminar o semestre pior do que quando começou. O governo deveria trabalhar esta insatisfação do próprio PMDB.
O senhor é um dos críticos mais ferrenhos da oposição. Como avalia a pressão em cima do governo, seja por conta de projetos como o ajuste fiscal, pela tentativa de impugnar o mandato dela via TCU ou por meio do impeachment?
A marca da oposição é a marca da incoerência. Dizem que Dilma mexeu nos direitos do trabalhador, mas quem primeiro fez isso foi o PSDB. E fez certo. Foi o PSDB que criou o fator previdenciário para evitar a quebra da previdência. Mesma coisa foi a criação da CPMF. Quem primeiro mexeu no superávit fiscal do Brasil foi o PSDB. Agora eles são contra tudo isso, mesmo sabendo que agindo assim ameaçam o próprio país. Foi também o PSDB que fez a primeira pedalada fiscal do Brasil. Sobre este assunto, vale lembrar que o TCU ainda não se pronunciou sobre as contas da Dilma, mas pediu explicações. E a oposição faz disso algo do outro mundo. O TCU é um órgão auxiliar da Câmara. Mesmo que rejeite as contas do governo, cabe à Câmara decidir. Não vi barulho quando o PSDB fez isso. E agora? Cadê a moral?
E em relação às denúncias…
A oposição diz que o PT aparelhou o estado. Ora, o país foi aparelhado por 500 anos por esta elite nacional. Quando o líder do DEM, deputado Mendonça Filho, elaborou a emenda da reeleição, o PSDB comprou votos dando concessão de rádio aos parlamentares. Foi a maior concessão do mundo. Ele não possui moral para ter essa contundência contra a Dilma. Queiram ou não, nunca se prendeu tanta gente como nos últimos 12 anos. Quando o Romeu Tuma quis investigar as privatizações o que foi que aconteceu? O então presidente Fernando Henrique Cardoso demitiu ele. Hoje, a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República possuem autonomia. Com eles isso não existia. Então esses caras não podem dar aula de ética ao Brasil.
Mas as críticas continuam, parecendo até que as eleições ainda não acabaram.
O Aécio Neves [senador e presidente nacional do PSDB] foi candidato à Presidência. Desafio um brasileiro a lembrar de uma proposta dele. Ele só criticava e depois dizia que ia dar continuidade às políticas da Dilma. Quando Lula assumiu, o Brasil tinha 50 milhões de miseráveis. Os governos do PT tiraram 40 milhões de miseráveis desta faixa. Na época do governo do PSDB, o risco Brasil era de 2,9 mil pontos. Hoje, com toda a crise, é um dos menores da história. A taxa Selic era de 28 pontos, hoje até que está em patamares razoáveis. São modelos de gestão muito diferentes. O modelo do PT é de inclusão, de estímulo ao consumo… A oposição sabe, até porque não é burra, que a economia é globalizada. O movimento da economia é ondulatório. Estados Unidos, Europa também passaram e ainda estão em crise. Mesmo com tudo isso, Dilma fez um primeiro mandato mantendo os empregos.
As desonerações são bastante criticadas quanto a isso. Não houve de fato prejuízos?
São injustos sobre isso. Com as desonerações, o governo abriu mão de quase R$ 100 bilhões para manter o nível de emprego. Ainda assim estes irresponsáveis acabaram com a CPMF e só aí o país perdeu mais R$ 60 bilhões. Ainda assim, queiram ou não, temos as maiores reservas cambiais da história, beirando os R$ 400 bilhões. O que a oposição faz é política nojenta do populismo contra o Brasil. Quer um exemplo? Hoje, o déficit da previdência é de R$ 123 bilhões e estes irresponsáveis fazem demagogia com os aposentados indexando o reajuste ao salário mínimo. A Câmara e o Senado aprovaram a indexação, um prejuízo de R$ 9 bilhões. Eles pensam nas próximas eleições e está aí a diferença. O político pensa nas eleições, e o estadista pensa nas próximas gerações. A Dilma provou que é estadista ao vetar, porque se não o fizesse, em dez anos a previdência estaria quebrada. O [governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin é quem tem sido coerente ao criticar este populismo da oposição e do seu próprio partido.
E sobre esta possibilidade ou ameaça de impeachment? Como o senhor avalia esta situação?
Falar sobre impeachment é o ápice da irresponsabilidade. Imagine um investidor que está na Alemanha. Ele acorda de manhã e vê que a oposição quer porque quer o impeachment da presidente. Ele não investe. Isso prejudica o país na comunidade internacional. É trabalhar contra o Brasil. Vale destacar que esta história de impeachment também não tem base jurídica.
A oposição não vê desta forma e tem buscado, por um lado ou por outro, maneiras para que isso aconteça…
A presidente Dilma não cometeu e nem cometerá nenhum ato que justifique isso. Tem esta balela junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre irregularidades nas contas eleitorais da campanha. É balela. Se as contas não fossem provadas, ela sequer teria sido diplomada. No TCU, mesmo que as contas do governo sejam reprovadas elas devem seguir para a Câmara. E ainda que a Câmara também reprove, isso não diz nada. E a razão é simples: o impeachment refere-se ao atual mandato e não ao mandato passado.
E quanto aos desdobramentos da Operação Lava Jato?
Quero mais é que todos os bandidos, sejam da oposição ou do governo, vão para a cadeia. Tem gente da oposição e do governo citado na Operação Lava Jato. Mas só falam disso para bater no governo. E quanto ao roubo do cartel dos trens de São Paulo? O roubo no Paraná? Cadê? Eles não têm moral para falar em impeachment. Eles têm é que respeitar a dignidade da Dilma. A verdade é uma só. A oposição não estuda e é despreparada. Eles não conseguem chegar aos corações das pessoas como o Lula. Eles perderam para Dilma e vão perder novamente em 2018, para o Lula.