No texto intitulado Gilmarpalooza’ em Lisboa já não causa conflitos e nem espanto, publicado no jornal O Globo (29/06), a jornalista Malu Gaspar mostrou como agem os endinheirados, um seleto grupo do Judiciário e os políticos.

Por Geraldo de Majella, compartilhado de 082 Notícias

Revelando como o andar de cima opera, a jornalista mostrou a intimidade entre magistrados, bilionários, políticos investigados pela Policia Federal e lobistas. O relato teve como palco um Fórum Jurídico promovido, em Portugal, pelo IDP, faculdade de Direito fundada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

Nos três dias do fórum, com a realização de dezenas de palestras, a programação que mais interessou aos convidados foi a intensa agenda paralela. Foram tantos os regabofes que o Fórum foi chamado de GilmarFest (ou Gilmarpalooza), diz Malu Gaspar, no seu artigo.

Um dos destaques foi a comemoração do aniversário do deputado federal Arthur Lira (PP/AL), presidente da Câmara dos Deputados.

“O que não faltou foram almoços, coquetéis e jantares grátis para os convidados de Gilmar. Só no domingo em que Lira comemorou o aniversário, o cientista político e advogado Murillo de Aragão ofereceu um almoço em Cascais para o dono do portal jurídico Migalhas, Miguel Matos. A mulher de Matos, Daniela Teixeira, é candidata à vaga aberta no STJ para um integrante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)” – revela a jornalista.

Empresas, bancos e políticos de um lado, e do outro candidatos a vagas nos tribunais, exercitavam a arte de cortejar. Os drinques e canapés servidos sem limites como estratégia do lobby.

Os interesses de cada bloco de banqueiros, empresários e políticos se aconchegaram nas mesas sofisticadas para discutir assuntos que certamente não são de interesse público. Nesse caso, o público é quem paga a conta. E não é uma metáfora.

O público no Brasil tem pago a conta salgada das altas taxas de juros, enquanto os interessados nos juros certamente, em algum momento, vão bater por motivos outros a porta dos tribunais.

Essa gente de fino trato, branca e rica sabe como funciona o poder na mais larga extensão e também sabe como atuar em seu benefício.

Estrela do evento jurídico de Gilmar Mendes, o alagoano Arthur Lira não tem a finesse dos que são da elite econômica, ou seus descendentes. Lira é o oposto. Não é conhecido pela finura das maneiras, procedimento e bom gosto. Mas, o que lhe coloca entre os que detém parte do Produto Interno Bruto (PIB) é o cargo que exerce, o terceiro na hierarquia de poder na República.

O deputado Arthur Lira tem, entre os seus “amigos”, o banqueiro André Esteves, controlador do banco BTG, a quem tem feito consultas e atuado, no Parlamento, na defesa dos interesses dos poderosos financistas que são os verdadeiros abutres do país.

Festejando seu aniversário com gente tão rica e poderosa, Lira não se intimidou, pelo menos aparentemente, nem mesmo depois que a revista Piauí e a Folha de S.Paulo publicaram que a Polícia Federal havia encontrado no carro do motorista de seu ex-assessor, Luciano Cavalcante, anotações de pagamentos de quase R$ 500 mil para um certo “Arthur”.

O deputado, que tem assessores investigados e processados, se sente confortável em conversar com banqueiros, magistrados e empresários.

Lira sabe que valores éticos e morais são diferentes entre as classes sociais, e que o cidadão comum já vê com naturalidade as constantes denúncias de corrupção. Não seria entre os bilionários que essas acusações lhe criariam embaraços.