A histeria midiática diante da fala de Lula condenando o genocídio do povo palestino vem acompanhada de um conjunto não explícito de recomendações para que o presidente Lula e os nossos diplomatas evitem “crises diplomáticas” e não permitam o “isolamento” do Brasil na cena internacional.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Não é difícil imaginar o tipo de conselho que os comentaristas da GloboNews, editorialistas dos jornalões, parlamentares do Centrão e militantes da extrema-direita gostariam de dar para que o nosso país não desperte a ira do governo sionista de Israel, fortemente apadrinhado pelos Estados Unidos. Seria algo assim:
1) Fechem os olhos para os reservatórios de água de Gaza que foram concretados por Israel há muitos anos, para que o fornecimento de água, em volume e frequência, dependa da boa vontade do governo israelense.
2) Finjam que não existem bombardeios de hospitais, com o assassinato em larga escala de gente em busca de atendimento nestas unidades de saúde que vivem situação desesperadora, com falta de pessoal, insumos, equipamentos e medicamentos.
3) Desprezem a falta de liberdade de movimentação, a cassação do direito de ir e vir e o cerceamento do direito ao trabalho da população palestina, tanto em Gaza como na Cisjordânia, que perduram há décadas.
4) Esqueçam a falta de eletricidade, de água potável, combustível e comida em Gaza, afinal não vale a pena pensar que Israel dificulta ao máximo a entrada de ajuda humanitária.
5) Não percam o sono com a morte de 20 mil palestinos, a maior matança desde a Segunda Guerra neste espaço de tempo. Melhor também ignorar que a grande maioria das vítimas são mulheres e crianças, afetando a reprodução palestina e projetando uma lacuna demográfica no curto, médio e longo prazos.
6) Reescrevam as narrativas históricas, pois uma simples viagem no tempo vai mostrar que, desde 1948, a cada guerra, a cada conflito, a cada intifada, Israel ocupa ilegalmente territórios árabes e rouba terras palestinas, para transformar em colônias judaicas.
7) Recomenda-se boa vontade com os motivos de Israel para encurralar os habitantes de Gaza no sul do enclave, mesmo que os tratados e as convenções de guerra vedem punições coletivas.
8) É perda de tempo ficar comparando números de vítimas, pois Israel já matou 20 vezes mais pessoas do que os mortos pela ação do Hamas. Não compensa ainda perguntar quantos terroristas foram efetivamente capturados ou mortos. Façam como a mídia ocidental e simplesmente ignorem o assunto.
9) Não pesquisem sobre a quantidade de resoluções da ONU descumpridas por Israel, seja determinando a solução de dois estados (um judeu e outro palestino), ou a devolução de territórios ocupados. Se o fizerem, vocês correm o risco de constatar que o Estado israelense vive à margem do direito internacional.
Moral da história: esta paz dos cemitérios só interessa aos covardes e cúmplices de crimes contra a humanidade
Sorte do Brasil não ter um presidente covarde, mas sim um humanista, estadista de primeira grandeza.
Viva Lula!