A relativização do genocídio

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Por Ubiratan de Paula Santos, médico pneumologista

Os que defendem essa política genocida, certamente vão colher os frutos da truculência e intolerância que praticam ou apoiam. A história não os absolverá




Interessante e perturbador ver a reação de pessoas frente à afirmação de que Israel comete um genocídio contra a população palestina. São também perturbadoras a aceitação e a defesa de que Israel provocado, atacado pelo Hamas, tem o direito de eliminar o Hamas e, se possível, os palestinos todos.


Essa atitude não é nova. É própria dos que detém a hegemonia da força e fazem dela o instrumento principal para a manutenção e ampliação de seu poder econômico e político.

A eliminação dos indígenas nos EUA foi assim, não? A cavalaria, provocada por ter invadido e ocupado reservas e terras onde viviam os nativos, reage dizimando os nativos. Onde já se viu? Índios terroristas.

O massacre da população de Canudos que vivia na pobreza foi a resposta que o Governo e Exército brasileiros deram ao que considerou uma provocação e agressão por parte daquela população famélica, que vivia cada dia em busca da vida.

Os massacres perpetuados pelos países europeus – Bélgica, Alemanha, França, Portugal, Espanha, Holanda e claro, a imbatível Inglaterra – nos povos africanos, da Ásia, da América Latina. Claro, imaginem essa gentalha sub-humana reagirem às ocupações, dominações, espoliações de seus territórios e escravização pelos cultos e desenvoltos europeus; matemo-los todos, pois como ousam nos atacar, não aceitar que somossuperiores e donos do mundo.

O genocídio ampliado contra os judeus pelo nazismo, que os considerava inferiores e aproveitadores como povo. Não pode receber outra denominação a vendeta e manifestação de demarcação de poderio o bombardeio da população de Dresden pelo Reino Unido e os EUA, em fevereiro de 1945, a matança da
população de Tóquio pelo maciço bombardeio dos EUA também em fevereiro de 1945 e o gran finale da criminalidade com o emprego da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki pelos EUA, em agosto de 1945, quando o Japão já estava batido.

Segue o rito a matança no Vietnã por franceses e estadunidenses, pelo fato do povo daquele milenar país
querer definir seus destinos e não aceitar a ocupação e dominação. Onde já se viu? E nosso direito de reagir, de defesa, como fizeram entre tantos, no célebre massacre na aldeia de My Lay em maio de 1968, só tornado de conhecimento público um ano após. Onde já se viu esses homúnculos atacarem americanos por esses invadirem suas terras e matarem seu povo. É uma provocação terrorista dos Congs e dos norte-vietnamitas, inaceitável.

As matanças no Iraque, nos Balcãs, na Síria, no Afeganistão, na Líbia pelas Novas Cruzadas do Ocidente em nome da liberdade e da boa religião e costumes da tradicional família branca.

É o mesmo padrão do que vimos diariamente há mais de 70 anos de Israel para com os palestinos. Israel invade e toma terras, casas, controla ir e vir das pessoas, a moeda, a energia, a água, a entrada e saída de mercadorias, ergue muros, mantém milhares nas prisões, inclusive crianças e adolescentes que atiraram pedras em soldados israelenses, um acinte.

E essa reação do Hamas, os terroristas, em outubro passado feriu o orgulho do estado poderoso e o mesmo aproveita para a delenda e salgagem da Palestina, inspirados na Delenda est Cartago apregoado por Catão há mais de 2.200 anos, papagaiada e realizada, dia sim outro também, pelo governo de Israel. É a vergonha da humanidade nos dias atuais.

Ela só será apagada quando um outro mundo substituir o que move as engrenagens do atual, sob hegemonia do capitalismo vitorioso ao final do século passado, do lucro a qualquer custo, da destruição dos mais fracos, do trabalho, do semear a fome e a desigualdade, da destruição do ambiente e da vida.

Os que defendem essa política genocida, certamente vão colher os frutos da truculência e intolerância que praticam ou apoiam. A história não os absolverá.

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