A Saúde tem pressa: batalha inesgotável

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado

O Sistema Único de Saúde (SUS) talvez seja a maior conquista social saída da Constituinte de 88. Poucos países do mundo, incluindo aí até os mais ricos, dispõem de tão generosa, em tese, rede de proteção. E durante muitos anos de fato o SUS, apesar das dificuldades inerentes ao tamanho do Brasil e suas crônicas dificuldades de recursos, cumpriu razoavelmente a contento boa parte de sua ambição.




Muitos pobres e miseráveis foram salvos pelo SUS. Mas o novo governo Lula encontrou uma situação diferente na Saúde Pública. Começou no governo Temer, com um indisfarçável intento de privatizar os serviços públicos. E teve o auge na administração fascista de Bolsonaro.

Chegamos a testemunhar um milico nomeado delirantemente ministro da Saúde admitir que não conhecia nada do SUS. Foi o tempo em que fardas substituíram os jalecos na Saúde, que se transformou em propagadora de teses que combatem Ciência e Conhecimento, além de, entre outras barbaridades, picaretas tentarem ganhar dinheiro com tráfico de vacinas que faltavam para salvar a vida de centenas de milhares de compatriotas.

Quem se serve do SUS, sabe que houve um criminoso  sucateamento ali. O que está em pé deve ser atribuído ao méritos de todos os que trabalham lá. No meio do ano passado, vivi, como testemunha, uma das mais tristes cenas da vida.

Em um posto do SUS, em São Paulo, aguardava junto com umas 15 pessoas a hora de ser chamado para marcar consultas e exames. Antes de mim, foi a vez de uma mulher de seus 40 anos, presumo. Fora diagnosticada com câncer e estava na fila de espera que não andava para agendar um exame. “Moço, eu não posso morrer. Tenho duas crianças para criar”, suplicou ao funcionário, que nada podia fazer. A cena foi tão triste que sai do lugar para chorar e desisti de meu atendimento. Meu problema era insignificante perto da situação daquela senhora.

Dramas como esse acontecem diariamente pelo Brasil. Sabe-se que as filas do SUS foram engordadas com milhões que perderam empregos formais e, consequentemente, seus planos de saúde. A compressão de verbas e a demanda acrescida trouxeram um quase caos na Saúde Pública, apesar do esforço dos profissionais da área.

Lula conhece os problemas do povo. Nomeou Nísia Trindade, de gestão exitosa na importante Fiocruz, para comandar o Ministério da Saúde. A nova ministra cercou-se também de gente competente da área, com compromisso social e sabedora da importância do SUS para quem precisa dele.

O trabalho será árduo, a destruição fascista (no fundo, não admitem a ideia de investimento público, só querem privatizar) na Saúde foi quase terminal. Juntou-se ali, no governo Bolsonaro, picaretas, ignorantes e privatistas de coração. Enfim, o cenário macabro perfeito.

Lula, sabemos desde sempre, não terá vida fácil no governo. Nunca teve e piorou. Os gafanhotos fascistas arruinaram a economia e o Brasil nunca contou com  um Congresso, principalmente Câmara, tão reacionário.

Nem se compare a força atual da extrema-direita entre deputados com a dos períodos anteriores de Lula. A coruja fascista, infelizmente, ganhou muita força.

Por tudo isso, é previsível que para manter seus privilégios essa gangue tentará mais uma vez avançar sobre a Saúde Pública com o discurso canalha que privatizar é o melhor dos mundos para todos. Seria como dizer aos pobres “olha você vai morrer, mas será por uma causa maior”.

Afora as garantias constitucionais de verbas para a Saúde, o governo popular terá que ir além. É necessário que se patrocine uma ampla campanha publicitária e política, com ida às ruas, para explicar que, além de um direito constitucional, o que estará em jogo será a defesa do maior bem que todos temos, a vida.

A batalha da Saúde é inegociável.

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