A terceirização é a banalização do mal

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Por Professor Alexandre Machado Rosa, compartilhado de seu Blog – 

O brutal linchamento de João Alberto na loja do carrefour de Porto Alegre, trouxe a público um fato que tem sido uma desculpa rotineira para a ineficiência, a violência e o cinismo: a terceirização.

Hannah Arendt afirmou que o mal torna-se banal quando o membro de uma organização, seja ela política, empresarial ou mesmo não lucrativa, separa os seus valores éticos individuais do comportamento duvidoso assumido sistematicamente pela organização com a qual é cúmplice. Arendt se referia a experiência traumática do nazi-fascismo que transfomou o Estado em uma estrutura que podia fazer tudo, inclusive matar e torturar, sendo seus praticantes parte de uma estrutura invisível, não podendo, assim, culpar alguém diretamente, mas unicamente o Estado.




O nazismo agiu assim quando induziu e comandou funcionários das instituições de Estado na perseguição a judeus, ciganos, homossexuais e comunistas. Quem era o culpado quando só se estava no cumprimento de ordens? A tal empresa de segurança que o Carrefour alega ser terceirizada para tentar se isentar de culpa é o típico exemplo da necessária desumanização que o capitalismo promove nas relações sociais e de trabalho. A Legislação proíbe que funcionários públicos da ativa sejam sócios de empresas privadas. A cabo da Polícia Militar Simone Aparecida Tognini, lotada no 5º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em São Paulo, é uma das sócias da empresa Vector Segurança Patrimonial Ltda., que é responsável pela segurança no supermercado Carrefour. Ela está licenciada da polícia. Todos sabem como a polícia trata os pretos. Ao julgarmos o indivíduo de forma diferente pelo seu comportamento individual descartando sua organização para um plano secundário, banalizamos o mal à irrelevância como se colocássemos uma máscara no rosto de sua existência, permitindo a ele tudo, sem saber quem são eles.

O neoliberalismo foi gestado entre a experiência do nazi-fascismo e o fracasso do liberalismo clássico no iníciom do século 20. O neoliberalismo é a elevação máxima do cinismo e da violência de forma controlada e persuasiva. Para os neoliberais discípulos de Friedrich Hayek, um cínico acima de tudo, a violência é algo que não importa quando o assunto é o mercado. Quando um prefeito ou governador que se orienta pela racionalidade neoliberal aponta a terceirização como a solução para todas as relações de trabalho.

Vejamos o caso da saúde em São Paulo, é como se ele falasse que não é mais responsável pelo fracasso e ineficácia do serviço e tampouco é responsável pelos maus tratos causados pela exploração e pelo descarte de trabalhadores expostos à própria desgraça. O caso dos entregadores de aplicativos é a forma mais cruel da desumanização terceirizada. O neoliberalismo continua agindo como um veneno social tão eficiente quanto a bomba atômica atirada sobre Hiroshima e Nagazaki.

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