A tragédia na Linha 5 – Lilás do metrô

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O povo fala sobre a tragédia no metrô 

Por Simão Zygband, compartilhado de Construir Resistência




Um trabalhador foi destroçado na estação Campo Limpo ao tentar entrar no vagão lotado e embarcar para o trabalho.

Ele ficou preso entre a porta de vidro e o trem, que fechou a porta antes dele entrar.

Semanas antes, uma mulher também ficou presa de modo semelhante na estação Vila Prudente. Ela está viva. A diferença?

O trem da Linha Verde tem maquinista. O da Linha Lilás (assim como os da Linha Amarela, também da Via Mobilidade) não. É automatizado.

Um detalhe chocante foi que o trem, mesmo todo sujo de sangue e com partes do corpo de Lorivaldo Ferreira, 35 anos, repositor de mercado, casado e com 3 filhos, seguiu normalmente a viagem, só sendo lavado bem depois.

E as portas de vidro e a plataforma foram isoladas e lavadas antes da chegada da perícia, com o argumento de que a circulação dos trens precisava ser normalizada.

Impossível não lembrar da música Construção, de Chico Buarque, ao saber desse ocorrido.

Cris Guimarães – corretora de imóveis

Homem.preto

Lourivaldo Nepomuceno, homem preto, trabalhador, pai de três filhos, foi morto após ser prensado entre o trem e a porta de segurança na estação Campo Limpo, Linha 5-Lilás.

Tinha 35 anos, morava no Jardim São Judas, dava aulas de natação, era promotor de vendas e cursava o último ano de Educação Física.

Não foi acidente. Foi negligência. O trem seguiu viagem com ele preso. Até quando vidas periféricas seguirão sendo tratadas como descartáveis?

Transporte é dignidade. É direito de ir, vir e viver a cidade. O governo do estado precisa ser responsabilizado!

Najara Costa – vereadora Taboão da Serra

Normalização

Ontem um homem, Lourival Nepomuceno, morreu esmagado pelas portas do metrô de SP. Ia trabalhar, às 8h da manhã. Foi prensado. Morreu ali. E limparam a cena antes da perícia. Porque “o metrô não pode parar”.

É chocante. Mas, para muitos, não abala.
Virou só mais um “atraso no transporte”.

Essa tragédia escancara o que estamos vivendo: uma cidade que não freia nem diante da morte.

Que normalizou a pressa, a exploração, o automatismo. Onde a vida vale menos que o fluxo.

Não é sobre um caso isolado. É um alarme.
A cidade está anestesiada. Nem um lamento do governador de SP, Tarcísio de Freitas. Até quando vamos viver isso?

A gente não pode normalizar isso

Ah, Lourival deixou filhos e esposa. Lourival, presente! Agora descanse em paz!

Elenice Santos – jornalista

Besta-fera

A tragédia ocorrida ontem no metrô Campo Limpo, onde o homem foi esmagado pelo trem, é aterrorizante.
Impressiona ver que, apesar das centenas de pessoas presentes (e que ficarão traumatizadas o resto da vida), não houve quebradeira alguma. Logo apareceram aqueles guardinhas de estação e faxineiros obrigados a lavar a cena do crime antes até de qualquer perícia.
Ns imprensa, fora o sensacionalismo em busca de audiência e likes, vi subserviência à privatização e uma falta de crítica e responsabilização do Estado, hoje governado por uma besta-fera militar que prioriza alianças regionais (à base de farta distribuição de recursos) para garantir reeleição.
Perdemos, então, a capacidade de mobilização coletiva até diante de tragédias como essa? Nenhuma manifestação diante da estação? Nenhum discurso em megafone, panfletagem com denúncia do descaso e falta de segurança no caminho diário do trabalho? Quanto medo e mansidão estampado no rosto da gente, né?
A empresa concessionária da linha Lilás deveria receber uma enxurrada de processos, no mínimo. Cadê o Ministério Público? E a bancada de esquerda da Assembleia Legislativa de São Paulo?
O governador, a besta-fera, deveria parar seu balcão de negócios e governar para o povo que (infelizmente) o elegeu.

Rogério Chaves – engenheiro

Nota Sindicato do Sindicato dos

Metroviários de São Paulo 

Tragédia anunciada na linha 5! #PrivatizaQuePiora

Manifestamos toda solidariedade aos familiares de Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, vítima fatal do trágico acidente ocorrido na estação Campo Limpo da Linha 5 – Lilás. Estendemos a solidariedade aos trabalhadores metroviários que atuaram nesta triste ocorrência e também aos usuários que presenciaram a tragédia.

Exigimos investigação rigorosa e independente sobre o ocorrido. Trata-se de caso grave e que, se não for devidamente apurado, corre-se o risco de novos acontecimentos semelhantes.

A Linha 5 não foi construída originalmente com portas de plataforma. A instalação dessas portas é um elemento de segurança importante para a população usuária.

Porém, se for um trabalho focado em custo reduzido, isso pode ter impacto negativo sobre a segurança da população.

A sociedade deve cobrar a ViaMobilidade sobre o funcionamento dos sensores das portas de plataforma da Linha 5.

Esses sensores podem impedir o fechamento das portas com presença de pessoas e, por consequência, impedir o deslocamento de trens, evitando situações trágicas como a de hoje.

A Linha 5 foi privatizada em 2018 e, de lá para cá, lógica do lucro imperou na sua operação. Com isso, cresceram as falhas e diminuiu a segurança dos passageiros.

Logo após o acidente e antes de qualquer perícia, houve lavagem do local. Muitos passageiros comentaram sobre a insensibilidade da ocorrência ter sido tratada como algo corriqueiro e cotidiano.

Repudiamos a nota da ViaMobilidade que responsabiliza a vítima pela sua própria morte, alegando que o passageiro ignorou os avisos sonoros de fechamento das portas.

A responsabilidade é da ViaMobilidade que, sob a lógica do lucro e da redução de custos, não investe na segurança do sistema.

A responsabilidade é também do governo Tarcísio, que aprofunda a política de privatização.

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