A vacina da vida e a cobertura jornalística da morte

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Por Gustavo Conde, compartilhado de Jornal GGN – 

Em suma, negar a vacina chinesa a essa altura tétrica do campeonato das destruições sanitárias em massa é, realmente, assinar na própria testa a tatuagem “sou vacilão”.

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A vacina da vida e a cobertura jornalística da morte, por Gustavo Conde

Se usarmos critérios científicos rigorosos – e parâmetros históricos calcados na experiência – para avaliar qual a melhor vacina contra a covid no mercado, a “vacina chinesa” ganha disparado.




A primeira e mais retumbante prova de que a vacina chinesa é a mais segura e eficiente do mundo é o fato de os dois maiores imbecis que a humanidade já teve a infelicidade de produzir, Donald Trump e Jair Bolsonaro, serem contra ela.

Vale lembrar os céticos de plantão: na costura de uma tese científica e de um parecer técnico dignos do nome, os indícios sensíveis no campo da subjetividade também são relevantes – costumam ser o gatilho das descobertas científicas (pensem na maçã de Newton). Ademais, fico sempre com o detetive Dupin, da Carta Roubada de Edgar Allan Poe, em paráfrase livre: “para ser verdadeira, uma hipótese também precisa ser interessante.”

A miséria intelectual bolso-trumpista bastaria, não fosse a imprensa brasileira esse amontoado de imbecis covardes que: (i) não se envergonha de forjar um efeito de neutralidade informacional precarizada, (ii) surfa na espuma do fracasso neoliberal e (iii) empacota os sentidos como quem esfrega o nariz imundo.

O jornalismo brasileiro é uma barreira à realidade há séculos – e piorou bastante com o tempo. Depender dele e de seus subprodutos para sobreviver no mundo simbólico – e no debate público – é como tentar viver em Marte sem um tubo de oxigênio.

As 155 mil mortes que destruíram a vida de 155 mil famílias de trabalhadores no Brasil é responsabilidade direta desse jornalismo macabro, que edifica e chancela os enunciados pavorosos de Sua Excelência, o Verme.

Houvesse Cortes Internacionais dignas do nome, não só Bolsonaro pagaria pelo genocídio calculado, mas o jornalismo brasileiro também – no mínimo, seria obrigado a redigir um editorial de primeira página pedindo desculpas à sociedade pela cobertura parcial, enviesada, hipócrita e temerária.

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Sabemos que esse mundo – das cortes responsivas – não existe como sabemos que Amazônia e Pantanal estão em estágio avançado de destruição – e sabemos disso sem a “ajuda” desse jornalismo empresarial que, no máximo, manda seus fotojornalistas para registrar a catástrofe ambiental e embrulha a tragédia para saciar a fome neoliberal de seus leitores cativos (acreditem: neoliberais celebram a destruição do meio ambiente).

A justiça foi abduzida pelo neoliberalismo e pelas formas predatórias do controle social, como magistralmente postulado no livro do juiz Rubens Casara “Estado pós-democrático: Neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis”.

Voltemos à vacina chinesa versus “as outras vacinas”.

A pergunta que faço (com relação às vacinas não chinesas) é: como confiar em uma vacina desenvolvida por países que subestimaram a gravidade da pandemia desde o princípio – e que fizeram de suas populações um abatedouro em massa?

Alguém aqui teria dúvida do que injetar na veia? Um composto líquido desenvolvido por um país de 1,4 bilhão de habitantes cujo número de mortes por covid não chegou a 5 mil ou um fluido preparado por um país de 66 milhões de habitantes cujo número de mortos bateu 44 mil?

Qual é mais confiável em termos de responsabilidade técnica?

Percebam que é exatamente esse raciocínio que é invisibilizado pelo jornalismo ocidental – com destaque para a catástrofe dos jornais brasileiros.

No Brasil, dá-se destaque à ideologização pornográfica de um presidente assassino e censura-se todo e qualquer tipo de argumentação que leve em conta os cuidados sanitários e técnicos dos países socialistas no combate à pandemia.

Sabemos: Bolsonaro, Globo, Folha e Estadão (os quatro cavaleiros do apocalipse e da miséria cognitiva) são anticomunistas. Estão juntos na frente ampla do horror e do controle das narrativas.

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Em suma, negar a vacina chinesa a essa altura tétrica do campeonato das destruições sanitárias em massa é, realmente, assinar na própria testa a tatuagem “sou vacilão”. É uma negação que põe o negacionismo climático no chinelo.

Não surpreende que muita gente com doutorado em Harvard, brasileiros ou não, caia na esparrela de contestar a eficácia da vacina chinesa – sendo que não há nem como avaliar “eficácias” nesse momento, tal é a complexidade emergencial por que passamos.

Vale destacar ainda, en passant: o vírus da burrice é democrático: ele atinge do mais humilde trabalhador ao mais sofisticado dos intelectuais (as armadilhas da linguagem não são classistas, pois elas se sofisticam à medida em que o discurso se sofistica).

Como proceder diante dessas armadilhas que nos atingem a todos?

A tarefa mínima que nos cabe é buscar e fazer uma avaliação com base empírica nos resultados já alcançados no mundo: o sucesso da China em todas as dimensões do combate à pandemia e o respectivo e retumbante fracasso dos países ocidentais diante dos mesmos desafios sanitários.

É tão difícil entender uma obviedade dessa natureza? Se até o tucano João Doria entendeu – ainda que por motivos eleitoreiros e oportunistas – por que não entenderíamos?

Há um colosso de evidências que colocam a China como país mais responsável e bem sucedido do mundo no quesito combate à pandemia de covid-19. Mas a ideologização do nosso jornalismo trava essa percepção como o jegue que empaca no mata-burro.

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Mais uma rodada de atrasos, de procrastinações, de pistolagens e de mortes – porque a segunda onda da pandemia vem com força e é mais perigosa do que a primeira em muitos aspectos.

Triste – no caso do Brasil – depender de uma elite tão predatória e burra. A Bolívia já deu jeito nos racistas brancos que sufocaram a democracia daquele país com um golpe de Estado violento. Fez isso porque não tem a imprensa venal, precarizada e insultuosa como a brasileira.

Aqui, a imprensa “atrasa” o processo político, servindo de anteparo para o establishment colonial.

Enquanto chafurdarmos nessa lama, nossas vidas estarão em risco permanente, sem futuro, sem passado e sem presente.

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