Texto diplomático do grande jornalista Ulisses Capozzoli​. Vale a pena ler, refletir e utilizar o nosso tempo para lutarmos contra o adversário comum, o fascismo.

Por Ulisses Capozzoli, jornalista, no Facebook

Para “separar o joio do trigo”, como diziam nossas avós, frase que faria inveja ao poeta e fabulista francês Jean de La Fontaine (1621-1695), certamente faz sentido utilizar ao menos dois neurônios. Um único não permitiria a comparação e essa é uma estratégia para toda forma de conhecimento. Digo isso a propósito da oficialização de Fernando Haddad como candidato do PT às eleições e Ciro Gomes, candidato do PDT. Ambos tem suas potencialidades e fragilidades, o que é compreensível e natural.

O que vale a pena considerar é que os dois são progressista e isso significa dizer que convergem para uma mesma direção. Em oposição a boa parte de outros candidatos mais significativos, inclinados para um passado incapaz de resolver desafios do presente e do futuro. Um deles, e qualquer um sabe de quem se trata, um Rambo exótico, misógino, risível e truculento. Nada além disso.

Com a decisão recente do PT em formalizar Haddad, o espectro político mais reacionário (não há outra expressão para essa caracterização) entrou em polvorosa. Sabe que tem a chance do segundo turno, mas isso não significa, porque não se trata disso, de vitória final.

Em outras palavras, não é preciso ser um “cientista social” para saber que Bolsonaro bateu a cabeça no teto e não avança mais, enquanto seus concorrentes, com propostas comprometidas com a realidade dos fatos, vão crescer. E muito. Frustrando sua expectativa de vitória e disseminação do ódio que o acompanha como a sombra sob o Sol.

Assim, desde já, com a convergência de forças, os progressistas tem a chance clara da vitória tão desejada quanto necessária para devolver ao país as perspectivas de que ele necessita enquanto nação. Não como ajuntamento caótico e violento.

O conjunto da sociedade, cada um dos eleitores que não se conforma com a miséria destes dias sem perspectiva, as forças progressistas da sociedade, aquelas que fazem o mundo acontecer, ao invés de permanecer, devem compreender a vantagem de dois candidatos promissores.

Ambos comprometidos com o que pode ser expresso como bem-estar social. Quem irá encabeçar a chapa de uma disputa no segundo turno? O mais votado entre os dois e aí está a perspectiva de uma disputa ruinosa nesse estágio dos acontecimentos.

É preciso evitar a todo custo uma guerra interna entre grupos que caminham na mesma direção, com suas inevitáveis especificidades. O fato, claro como a luz do dia, é que as forças progressistas têm a vantagem que pode significar a vitória e a transformação profunda e radical de que o País necessita. Então, que seja evitado a todo custo, com a força da inteligência e os benefícios da compreensão, atritos e conflitos entre Fernando Haddad e Ciro Gomes incluindo, evidentemente, Guilherme Boulos, além de um contingente importante do PSB.

Aquele além dos limites formais do partido, se o próprio partido não tomar a posição que se espera dele. Porque Marina Silva, da Rede, é uma biruta de aeroporto e já começou a pagar a conta dessa indefinição na mais recente das pesquisas. Ela muda de acordo com a direção do vento e já fez isso no passado.

Os demais candidatos, o que inclui o insosso Chuchu, que sejam incluídos nas forças retrógradas. Até porque é cronologicamente impossível conviver com dois estágios do tempo, o passado e o futuro, numa mesma fatia do tempo: o presente doloroso que passa diante dos olhos.

Foto: Parthenon, na Grécia, o berço da democracia