A vingança travestida de justiça

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Por Alexandre Coslei em seu Facebook – 

“Parar e refletir sobre a situação do Lula, que está cercado por um aparato jurídico e policial que não visa justiça, mas vingança, é algo que me angustia.

Se cometeu algum erro ou se é inocente, isso virou quase um detalhe nos capítulos intermináveis que escreve o Ministério Público e juízes de primeira instância. É um massacre. O que se vê, realmente, é um Lula de olhos cansados, indignado, impotente, mas retirando força da sua trajetória humana para resistir, ainda consegue ser bravo. Não sei quantos de nós resistiríamos. Vargas não resistiu. É uma luta desigual, com objetivo anunciado.




TVs, jornais, rádios, entrevistas coletivas de promotores, delações suspeitas, uma avalanche implacável de ações para asfixiar qualquer possibilidade de saída. Se é culpado de alguma coisa ou inocente por falta de provas reais, já não é relevante. Lula é um herói. Herói porque são heróis aqueles capazes da resiliência física e psicológica que a maioria de nós não teria. Sucumbiríamos.

Um homem com mais de 70 anos pesando em seus passos, viúvo recente de uma companheira da vida toda, um político que construiu a autoestima internacional de uma nação (aceitem ou odeiem, essa é a verdade), um metalúrgico que passou pelos militares e que agora precisa enfrentar um grupo de jovens ungidos pela toga, que erguem a própria imagem vampirizando, justamente, a história de um dos maiores líderes que o país já teve.

Eles entenderam isso, entenderam que sem o Lula não são nada, são concursados medíocres, que mal servem para montar um esquema no PowerPoint. Um juiz que hoje frequenta festas de magnatas, fóruns internacionais e que mantém relações de concubinato com uma elite perversa.

Fez fama não por méritos próprios, mas por perseguir, pela justificativa da corrupção, um dos faróis que nos levou aos momentos mais luminosos que o Brasil viveu. Querem entrar para a história roubando a história alheia.

Não é por justiça, é por maldade. Um Judiciário que pretende fazer valer o justo não esmaga um indivíduo, a não ser que esteja a serviço do terror que derruba a República para abrir espaço a líderes de capa preta, sem carisma, sem vocação política, armados por uma sórdida mídia corporativa que não se importa com o destino do país, quer apenas dar um destino privado às suas riquezas.

A guilhotina renascida das infinitas prisões temporárias, das conduções coercitivas, das condenações sem comprovação do crime. Confesso que já me entristece acompanhar a batalha do Lula, me deprime.

O objetivo é enterrar a fagulha que nos fez vislumbrar um futuro, é matar a alma do homem que nos mostrou o que é a prosperidade, é enterrá-lo vivo ou morto. Sepultam o líder e com ele todos aqueles que ainda insistem em acreditar, cremam a fé em nome da submissão, dobram nossas pernas como nos dobraram por décadas os coturnos dos quartéis. Aos que chegarem agora, não lerão mais a frase “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

Ao importar a operação mãos limpas, nos lembraram de Dante. Os que nascem a partir de hoje, saberão que quem chega deve abandonar toda e qualquer esperança. Não existe mais República, pois ela não é regida por tribunais. Não existe mais democracia, pois não temos mais escolhas.

Não existe mais justiça diante de prisões que se tornaram confessionários compulsórios. Não existe mais alegria, pois não temos mais direitos. Eles nos reconduzem ao purgatório, à vergonha.”

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